domingo, 3 de março de 2013

Porque isto podia ser um fashion-blog #2

Vou fazer uma crítica de moda. Mas não sem antes contar uma história.

Estávamos no longínquo ano de 2006 e duas irmãs na casa dos 20 anos viviam com os pais, numa terrinha da margem sul. Partilhavam o quarto, pequeno em área. A mais velha dormia na cama de cima do beliche e a mais nova na cama de baixo. Esse quarto tinha ainda uma pequena estante, um armário de gavetas e um guarda-vestidos. Estamos no presente ano de 2013, a irmã mais velha vive em Lisboa, partilhando casa com a preta e a mais nova vive ainda na terrinha com o namorado e o filho de ano e meio. A mãe, essa, na falta de uma divisão para arrumação de trambolhos, decide que a cama de cima do beliche é um local óptimo para arrumar cobertores, colchas, chapéus de sol, bolas e toalhas de praia e caixas com colheres de pau. A mãe decide ainda que o pouco chão livre do quarto é óptimo para arrumar cestos com roupa por engomar, ventoinhas, mais bolas de praia e um aspirador. A irmã mais velha, quando lá vai de visita, brinca aos 100 metros estafetas para poder chegar à cama de baixo para dormir. A irmã mais velha esteve lá este sábado. Tinha o jantar de aniversário de uma amiga. Amiga essa, que também é amiga da irmã mais nova. Irmã essa, que, querendo beber como se de um homem solteiro se tratasse, decide deixar o filho com a avó. Avó e neto decidem dormir na cama de baixo do beliche, local onde a irmã mais velha costuma dormir. Irmã mais velha essa, que chega a casa bêbeda de madrugada e é escorraçada para o sofá. Sofá esse, que é cobiçado pelo pai, que gosta de ver documentários sobre gorilas e bananas aos domingos de manhã e espera que avó e neto acordem para depois escorraçar a pobre rapariga de volta para a sua cama.

Agora que já choram todos compulsivamente com pena da pobre moça, imaginem que ela tem um segundo aniversário, a ser celebrado exactamente nesse domingo, ao almoço, de ressaca e completamente destroçada pela forma como é tratada em casa dos próprios pais. Ainda assim, arranja o cabelo, veste-se em conformidade com o evento e acaba a almoçar com uma pessoa ao seu lado, com um cabelo mais ou menos desta cor, vestida mais ou menos como isto e calçada exactamente com isto e exactamente desta cor:


Pessoa essa, que olha para a pobre moça, vestida exactamente com este vestido, com o cabelo exactamente desta cor e forma e calçada com algo semelhante a isto...


... e diz, com ar de cumplicidade, como se se tratasse da sua irmã gémea, dela separada desde o nascimento e abandonada no bordel mais brega do distrito: "Não há nada como um vestido justo, não é?". 

Eu passei a noite no sofá e andei a ser chutada para os cantos na casa onde cresci. O meu antigo quarto é agora uma arrecadação. E depois ainda tenho uma wannabe slut a traçar paralelos com as nossas formas de vestir? Não está certo. Estou triste. Preciso de mimos.

22 comentários:

  1. Ui... mulher isso é um passo para a degradação pessoal. Tu foge e vai beber para lx nm lugar seguro! :)

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  2. Eu punha o beliche abaixo que era por causa das tosses!

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  3. Não há nada melhor do que nos equipararem (nem que seja a própria) à pessoa mais sexy da mesa!!!!!

    Não percebo a tua esquisitez! Qual é o problema da rapariga. Estava bem gira!

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  4. Ai Snail Lambisgóia, apesar de leitor discreto, muito me rio com os teus posts super giros e de rir às lágrimas.
    Até já andei à procura no blog a ver se tinhas um mail para te escrever... mas nada :)

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    1. Pedro Bom, vou disponibilizar o mail oficial do degredo, dado o pedido tão sentido. :)

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    2. Qual degredo qual quê? :p
      Ok, se quiseres envia directamente para o meu.
      thanks

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    3. wow... a curiosidade mata-me.

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    4. Já está, ali do lado direito, para quem quiser.

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    5. Thanks!!!
      Então? curiosa com??? vais ter que me explicar isso :p

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  5. Litas ou lá como se chamam. Aaaah, era o meu desejo para 2013. Não sei como podes ser tão ruim para a tua nova amiga féchion!

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    1. Não fui má. Até sorri para ela. Não respondi, mas sorri...

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