domingo, 24 de março de 2013

Magia à hora de jantar

Regra geral, sou uma pessoa discreta. Mesmo quando partilho o espaço com alguma figura pública, em que as pessoas mais pobres de espírito murmuram, riem baixinho, apontam e comentam, eu olho de lado e finjo não saber de quem se trata. E a maior parte das vezes não sei mesmo de quem se trata. No entanto, e aqui me confesso, por duas ocasiões o entusiasmo apoderou-se de mim. Ou porque reconheci a figura pública em questão sem precisar que alguém murmurasse, apontasse e risse, ou porque estava perdida de bêbeda, mas o que é certo é que dei uma chapada na Merche Romero porque a achei gira e dei uma chapada num outro rapaz conhecido porque o achei giro. Desse não me lembro do nome, primeiro porque o grau de alcoolemia dessa noite não permitiu que a minha memória registasse esse momento e depois porque esta história já me foi contada por várias pessoas, tendo como vítima um Diogo Vilela, um Paulo Vilela e um Paulo Rocha. Talvez por ser assim, meio instável a nível comportamental, me faça rodear de pessoas humildes, a quem posso dar chapadas e chamar nomes quando bem me apetece sem correr o risco de aparecer na Caras com o título de fã enlouquecida e descontrolada. E, talvez, também por ser boa pessoa, já que os humildes também precisam de ter amigos. Por tudo isto, ontem fui jantar com a Sheila, a minha cabeleireira brasileira. Normalmente, para aparições em público, sou mais selecta e rigorosa na escolha da companhia, mas, para raras excepções como jantares, copos e vadiagem, sou uma fácil. Então lá fomos as duas, mais duas amigas suas, a um restaurante conceituado da capital, até que uma delas diz que lá ao fundo estava a Duquesa do Cadaval, apontando e rindo, mas falando em voz alta. Todas nos virámos nessa direcção. Vi uma senhora meio zarolha, gorda e velha. Não a reconheci de revista nenhuma, mas comentei o olho torto. Uma das amigas de Sheila ainda corrigiu para Duquesa de Palmela. Continuei sem a reconhecer de lado nenhum, mas não me preocupei com isso. Sheila, essa, é que parecia perturbada e a Duquesa não sei de onde já se mostrava incomodada com as risadas do grupo. Sheila perguntava como a amiga reconhecia a figura. A amiga dizia que era das revista cor de rosa e porque a Duquesa fazia compras na Zara. Sheila, provavelmente a pensar que fazíamos pouco dela, perguntou alto como 'aquela mulher' podia fazer compras na Zara enquanto a Duquesa parecia cada vez mais desconfortável com o nosso comportamento. Sheila continuava a fazer perguntas, confusa e histérica, até que aponta para o canto da sala onde estava a Duquesa, mas para o quadro que estava pendurado na parede por cima dela. Pensava que falávamos da senhora da fotografia, provavelmente uma Duquesa a sério, tirada para aí em 1893. A Sheila é um doce. Achei que ontem não era preciso bater-lhe. A Duquesa (Cadaval ou Palmela, não se chegou a consenso em relação a isto) poderia fazer isso por mim. Vontade não lhe faltava.

10 comentários:

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    1. É sempre uma honra recebê-lo nesta casa, senhor. :)

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    2. Oh, cara Snail, por quem sois! A honra é toda minha! :D

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  2. Espero que fosse 'Palmela'... o vinho é melhor e não se incomoda que falem dele!

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    1. Ah... não... já andámos a fazer pesquisas (Sapo Fama e outros sites de referência na matéria) e era mesmo a do Cadaval. :)

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  3. A primeira questão é: porque bates nas pessoas?
    A segunda questão relaciona-se com: quantas garrafas necessitas para bater em alguém cuja fotografia e morada te enviarei por email?

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  4. 1) não sei, mas faz-me rir.
    2) faço pro bono para os amigos.

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  5. "Normalmente, para aparições em público, sou mais selecta e rigorosa na escolha da companhia, mas, para raras excepções como jantares, copos e vadiagem, sou uma fácil". Vou usar isto como Frase Bonita do Dia no Facebook.

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  6. A querida da duquesa de palmela é mais uma das muitas arrogantes que almoça em bons restaurantes... Mas leva a marmita de casa e pede para aquecer-mos e empretar-mos... Só consome a bebida 😂

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