sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pequeno exercício sobre a ordinarice e a insanidade mental

Os pressupostos: 
- Um grupo de pessoas vai trabalhar, da parte da tarde, para um local fora da cidade onde vivem.
- Esse grupo é composto por três pessoas, dois homens, condutores, chamados Guilherme e António, e uma mulher, não condutora, chamada Snail.
- Guilherme, simpático, tinha prometido boleia à Snail, porém Guilherme terminou o seu serviço mais cedo, pelo que pergunta a António se pode ser ele a levar a Snail a casa, já que os dois vão terminar o serviço sensivelmente à mesma hora.

Cenário 1, assumindo que os três são pessoas normais.
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail?
Snail: Oh, não é preciso, eu vou de comboio...
António: Vais agora de comboio... Claro que te dou boleia.
Snail: Desde que não te faça transtorno... Aceito...

Cenário 2, assumindo que Guilherme é um ordinário.
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres, até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.
Snail: Ordinário! Não é preciso, eu vou de comboio...
António: Ele é parvo, não ligues. Claro que te dou boleia.
Snail: Desde que não te faça transtorno... Aceito...

Cenário 3, assumindo que Guilherme e António são uns ordinários.
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.
Snail: Ordinário! Não é preciso, eu vou de comboio...
António: E chupas? Se chupares dou-te boleia.
Snail: Ordinário! Desde que não te faça transtorno... Aceito... A boleia, claro!

Cenário 4, assumindo que Guilherme, António e Snail são uns ordinários.
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.
Snail: Sim, só se for à bruta. Para fazer festinhas, prefiro fazê-las eu sozinha.
António: E chupas? Se chupares dou-te boleia.
Snail: Só se pagares.

Cenário 5, assumindo que os três são uns ordinários e que não são bons da cabeça.
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.
Snail: Sim, só se for à bruta. Para fazer festinhas, prefiro fazê-las eu sozinha.
António: E chupas?
Snail: Só se pagares.
Chefe dos três: Esse tipo de brincadeiras fora da sala de espera! Já não é a primeira vez que vos aviso aos três!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

TPC - A homenagem a uma professora.

Uma menina de baixa estatura, esbelta e em boa forma física, foi ajudar a descarregar móveis de uma carrinha. Responda a cada alínea, escolhendo a hipótese correcta.


1) Com base na imagem seguinte, indique qual a afirmação verdadeira:

a) litro e meio de água chegam para lavar aquela saia;
b) existem garrafas maiores que certas saias;
c) a imagem representa uma saia que não devia ser usada e uma garrafa que já foi usada;
d) para pequenas saias, grandes garrafas;
e) é um cinto e uma garrafa.



2) Considere que vai a passar na rua, dentro do seu carro, e que olha na direcção da menina. Que posição/movimento terá ela de fazer para que consiga ver as suas cuecas?

a) entrar de cabeça para dentro do carro, com o rabo empinado e virado para a estrada;
b) inclinar-se levemente para a frente e coçar um joelho;
c) levantar um braço;
d) espirrar;
e) se ela se mexer muito vê-se mais do que as cuecas.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Snail, a alegrar a vida das pessoas desde 1978

Ontem fiz uma boa acção. Ajudei uma amiga a fazer o quartinho novo para o filho dela. Lá fomos as duas buscar a mobília, encaixar tudo na carrinha, ir em alegre cavaqueira até casa dela, descarregar tudo e montar os móveis. Achava eu que a minha boa acção do mês tinha sido só isso, até ter acontecido a seguinte troca de mensagens com um amigo meu.

- Ontem vieste à terrinha e não disseste nada... 
- Como é que sabes?
- Vi-te à porta da casa da Márcia.
- Não te vi...
- Passei de carro. Estavam a descarregar qualquer coisa do carro dela. O preto fica-te bem.
- Deixa-te de merdas. Tenho aquele casaco há anos!
- As cuecas. Vi-te as cuecas.

Fuck You Mini Saia!!! 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Olimpíadas de Inverno e Recordes Mundiais

Quase todos os dias, partilho o elevador de manhã com um vizinho do andar de cima. Eu acho que ele fica à espera que eu saia de casa e faz isto de propósito. Ele tem um rabo bem estruturado, anda sempre de fato e pisca-me o olho enquanto diz bom dia, mas não é assim muito giro. Só que no outro dia vinha de braguilha aberta e tive vontade de meter a mão lá dentro. Isto da vida celibatária dá conta da cabeça a uma pessoa, e se antes ficava 4 horas a pensar em pilas, agora fico 4 ou cinco dias a sofrer. Até já pensei em agarrar numa chávena, subir um andar e bater numa das portas ao acaso com a desculpa que o açúcar acabou e fazer uma conversa que vi há dias num documentário sobre um canalizador que foi fazer uma reparação a casa de uma loira mamalhuda e que depois foi violado à má fila. Também há um preto que vive num dos andares acima do meu. A largura dos ombros dele provoca-me espasmos. Uma dia subimos juntos no elevador, eu saí no meu andar, ele continuou. Resumindo, eu posso ir à procura do sexy mother fucker que partilha o elevador comigo de manhã e propor-lhe sexo desesperado com uma caneca na mão para disfarçar, correndo o risco de ser um preto de ombros largos a abrir a porta. Posto isto, posso avançar para a parte importante deste texto, que é: até quando me engano, sou a maior e algo mágico acontece. Há uns meses atrás, no trabalho, tinha de escrever um relatório sobre um doente hipertenso oriundo de uma ex-colónia que tinha urgência em entregá-lo na embaixada, pelo que escrevi a coisa um bocado à pressa. Reparem no cuidado que tive agora em escrever 'oriundo de uma ex-colónia' em vez de escrever preto outra vez. Bem, voltando ao assunto, escrevi o tal relatório à pressa, mandei imprimir e qual não foi o meu espanto, quando a administrativa tira as folhas da impressora e pergunta-me histéria: "Oh porca, viste a pila ao preto?". Eu, serena como sempre, ia começar a dizer que já vi a pila de um preto, mas não foi a deste, e que isso de experimentar e depois só querer pretos não é bem assim, porque também já vi pilas de outras cores igualmente generosas, quando a histérica , lavada em lágrimas e com falta de ar, agarra num marcador rosa-choque e sublinha, na conclusão do meu relatório, o meu engano. Foi nesse dia que esteve por um fio, um preto sair daquele hospital com um relatório a dizer "hipertesão" na conclusão. Esse mesmo papel esteve pendurado até hoje por cima da impressora, qual troféu da melhor gaffe do serviço. Desde então, tenho tido cuidados redobrados cada vez que tenho de escrever a palavra hipertensão. Faço o meu trabalho, descrevo anomalias morfológicas, descrevo anomalias funcionais, descrevo coisa com nomes esquisitos, mas quando tenho de escrever a palavra hipertensão, tudo tem de andar mais devagar para garantir que não me vou enganar. Hoje, mandei imprimir umas coisas, e de repente vejo a histérica a ficar vermelha e a arfar como da outra vez. Disse-lhe logo que escusava de estar com coisas, porque eu tinha escrito tudo com atenção. Sem me responder, só a vejo arrancar sem misericórdia o épico relatório do qual acabei de vos falar, para o substituir por outro com uma frase sublinhada a rosa-choque. Com andar pesado, avancei. Por mais que me custasse, tinha de saber quem me tinha destronado. Olhei para a frase sublinhada, onde leio à primeira vista 'parâmetros funcionais dentro do normal', mas depois reparo no erro. Na verdade dizia 'funiconais'... funi... conais... com 'o'... de cona, claro está. Devagar, olho para o espaço onde consta o nome do operador. Snail da Silva. O orgulho. A sensação de me superar a mim própria é impagável.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Era uma vez uma história de amor.

Venho de uma terra onde a poesia paira no ar. As manhãs começam com o cantalorar dos passarinhos, há senhoras a ir comprar o pão em robe e chinelos de quarto, os hálitos dos homens já cheiram a bagaço e os cães vadios ainda dormem junto aos contentores do lixo. É com saudade que guardo estas imagens na minha memória, enquanto as semanas passam e eu estou longe da casa dos meus pais. Mas, com grande alegria, acaba sempre por chegar aquele fim de semana do mês em que vou fazer a visita obrigatória e abastecer-me de laranjas e limões. Com o saco de desporto ao ombro, lá saio de casa para apanhar o autocarro, e pelo caminho até à estação, lá vou reconhecendo uma cara ou outra do meu passado. "Epa, já não via este/a gajo/a há séculos...", penso eu, enquanto reconheço um buço ou um ou outro vigoroso coçar de tomates, "deixa-me lá sacar dos óculos escuros da mala e baixar a cara antes que algum deles se lembre de mim". Já na estação, na fila para o autocarro, já não são só as caras que despertam reacções na minha memória, os comportamentos também. E se há coisa que se faz bem na minha terra, é engatar. O franzir de sobrancelhas, a mão que não sai da própria genitália, o fumar com o cigarro meio esmagado de forma viril entre o indicador e o polegar, são especialmente exuberantes nos machos da minha terra. O fingir-se desentendida mas sedutora, a ajeitar o decote enquanto se espeta o salto alto sem capas nas pedras da calçada e se cai meio desamparada, porém sorridente, com as mamas escarrapachadas em cima do macho, enquanto se faz uma dissertação sobre qualquer assunto especialmente intelectual, são líricos nas fémeas lá do bairro. Pois que, este sábado, chego à estação para apanhar o autocarro e deparo-me com um destes rituais de acasalamento. Casal na casa dos vinte, cabelo com as famosas madeixas californianas que fizeram furor este verão e que não levaram nenhum retoque desde que foram feitas de um lado, fato completo de ganga lavada, com ténis brancos e anel de ouro em dois dedos de cada mão do outro. Sorri e tirei o auriculares dos ouvidos. Música para quê? A magia estava no ar. Entrámos no autocarro, éramos apenas 4 ou 5 passageiros, mas mesmo assim sentei-me no banco atrás do casal. Deus me livre de fazer esta viagem sem me presentear com o vosso romance, meus pombinhos. Ela, claramente, estava na fase de se mostrar uma mulher super-interessante, super-culta, super-viajada e super-séria. Ele comia-lhe as mamas com os olhos. Ela começou por falar de viagens. Viagens, só para destinos com cultura, arquitectura e história. Rapidamente passou para as maravilhas naturais do mundo e para as praias paradisíacas que já tinha visitado. Ele continuava a comer-lhe as mamas com os olhos. Ela começou a falar em quadros e pintores, museus e desenhos animados. Ele comia-lhe as mamas com os olhos. Ela passou a falar de vinhos, agricultura, restaurantes e hotéis. Ele sorriu. Comia-lhe as mamas com os olhos Ela sorriu de volta e perguntou se ele já tinha combinado jantar com alguém. Ele hesitou. Ela não desarmou e adiantou logo que se não desse para jantar, podiam sair depois para beber um copo. Ele hesitou mais um pouco, pousou a mão no ombro dela e, enquanto lhe comia as mamas com os olhos, disse docemente "Isso não sei, mas eu depois posso ligar-te à noite... dá para foder?". E foi isto. Até me vieram as lágrimas aos olhos. E isto acaba por ser assim em todo o lado. Com menos delicadeza no resto do mundo, é certo, mas isto é assim. E eu gostava mesmo que as pessoas soubessem que isto é assim. Sempre. Porque se as pessoas soubessem que é assim, aquele anormal que não me conhece de lado nenhum, feio como as noites de tempestade, com verdete nos dentes e glaciares de caspa na cabeça, e que do nada decidiu perseguir-me até me encontrar e encetar a primeira conversa da vida dele comigo com um "Tens um cabelo bonito" seguido de 30 convites para passear pela cidade, já tinha percebido o que eu quero dizer exactamente com os meus repetitivos "Não, não vai dar.".