quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Lei natural das coisas

Apesar de ser uma das mulheres mais atípicas do planeta, daquelas que toma banho antes de ir para o ginásio mas sai do ginásio sem tomar banho, daquelas que prefere comer uma pratada de túbaros ou patas de galinha em vez de marisco (é preciso explicar que os percebes me fazem lembrar mini-pilas cadáveres e isso mete-me nojo?), daquelas prefere jantar uma sandes de sardinha em lata com manteiga e cebola a uma feijoada de choco, há coisas em mim que acontecem em cadeia e de uma forma tão natural, apesar de insólita, que chega a ser bonita. Coisas estranhas, é certo, mas capazes de fazer chorar de emoção qualquer poeta ou cantautor da nova geração. Como acontece quando alguém se apresenta com o nome próprio e o apelido, sendo este último Carvalho, Ramalho ou Fialho. Na minha cabeça surge logo uma rima, como 'João Carvalho, feio como o caralho' ou 'Pedro Fialho, mostra-me o caralho'. Nunca surgiu uma rima com orvalho ou pirralho, mas certamente haverá uma explicação científica para o facto. Outra situação que desencadeia uma reacção orgânica em mim, sucede quando tenho uma comichão num sítio não susceptível de ser coçado em público, como as zonas mais internas do entre-pernas. A reacção espontânea começa com o cantarolar de uma qualquer música parola, seguida de uma súbita vontade de dançar com movimentos caóticos de pernas. Curiosamente, e lanço aqui uma ideia de génio para um futuro estudo experimental na área, esta reacção só se dá quando estou acompanhada, caso contrário coço-me. Uma outra reacção irracional e reflexa do meu corpo é cagar todo o conteúdo do meu sistema digestivo, em estado líquido-pastoso, no dia seguinte a comer metade de um bolo com cobertura de chocolate ainda quente. O meu corpo é assim, tem um gozo especial em pôr-me a cagar quando estou a trabalhar.  Quando estou a trabalhar, ou quando estou num sítio sem WC disponível, ou quando estou a meio de algum processo que impossibilita de todo o manuseamento de material com as mãos e/ou uma paragem para defecar. Curiosamente, trabalhei o dia todo e nada. Curiosamente fui ao super-mercado e nada. Curiosamente vim para casa a pé e carregada de sacos e nada. Curiosamente, comi mais bolo e nada. Curiosamente, pintei o cabelo, com a respectiva meia hora de espera, e nada. Mas acabei de pintar as unhas e.... Foda-se!!!

O Guiness devia ter os olhos postos em mim. 
Há 43 minutos a aguentar a caganeira para não estragar as unhas. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dois pulsos e uma faca do pão

Tudo começa com chamadas insistentes por parte do toy boy marinheiro. Snail não gosta que lhe liguem de forma insistente, mesmo que seja para pinar. Snail não atende as chamadas e passa a receber mensagens a perguntar porque não atende. Snail começa a ter medo de ter arranjado um psicopata. Snail, vencida pelo cansaço, decide acabar com a situação através de um chat. Snail podia ter tido um pouco de consideração pelo moço, ter saído de casa e ter tido a conversa pessoalmente? Podia, mas Snail já estava de pijama e é uma preguiçosa. Moço fala de forma respeitosa, diz que entende a angustia de Snail, que tem pena que as coisas fiquem por aqui e despedem-se cordialmente. Ainda assim, Snail fica desconcertada. Deita-se a pensar que vai estar sem actividade sexual por tempo indeterminado. Snail acorda desconcertada. Snail trabalha desconcertada. Snail chega a casa desconcertada e decide fazer um bolo para esquecer a ausência de pilas. Snail come metade do bolo ainda quente, não consegue esquecer a ausência de pilas e, ao mesmo tempo, começa a pensar em diarreias fulminantes e no homem da vida dela que não gosta dela (personagem ainda não mencionada nestas escrituras). Snail, na ausência de sintomas intestinais, começa a perceber que a monumental caganeira deve chegar apenas entre as 9h e as 17h de amanhã. Preta avisa que não vai dormir em casa. Snail fica desorientada. Preta fica preocupada. Estaria Snail com medo de dormir sozinha em casa? Não. Snail está apenas fodida, infelizmente apenas em sentido figurado, porque podia não ter mandado o outro aos porcos ontem, o que fazia com ela não tivesse o impulso de fazer um bolo com chocolate hoje que lhe vai dar uma caganeira amanhã e podia estar a pinar agora e só mandar o outro à merda amanhã e nisto come mais umas fatias de bolo, enraivecida por continuar a pensar em quem não deve. Deus não ama Snail.

Snail, a destruir a sua reputação por conta própria desde 1978 (parte 392773450875635527349056738362)

Falava-se sobre batons ao almoço. Estavam mais 6 pessoas à mesa. D. diz que comprou um gloss novo com purpurinas (piroso que só visto). C. pede para ver. D. passa-lhe o baton para as mãos. C. tira a tampa entusiasmada e cheira o seu conteúdo. Snail decide opinar.

- "Tão gira. Também cheiras as coisas antes de pôr na boca."

Seis cabeças viram-se na direcção de Snail com a expressão 'not again'. Uma pessoa ainda intervém com "Agora estamos a comer..."

- "Oh. Eu estava a falar de cheirar batons e comida, não do que vocês estão a pensar."

Silêncio.

- "Se bem que também cheiro essas coisas que vocês estavam a pensar, que eu gosto delas lavadinhas."

Silêncio.

- "Não é que eu me meta com homens porcos, mas é sempre bom confirmar, né?"

Silêncio.

- "Não é que eu me meta com muitos homens. Falei no plural porque estou a generalizar, né?"

Silêncio.

- "Não é que..."

- "A gente já percebeu!"



Vou fazer um bolo. Acho que daqui a 4 horas vou estar cheia de fome.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Quando o espírito empreendedor, a persistência e o lema 'tentarei até ao fim das minhas forças' não são qualidades a louvar

Quantos telefonemas têm que ficar por atender e quantas mensagens têm que ficar por responder até o remetente se aperceber que o destinatário não que falar com ele?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Melhor amiga

Este post é especialmente dedicado aos homens. Certamente, todos já passaram pelo aborrecimento que é aturar uma crise de ciúmes da namorada por causa da existência de uma grande amiga. Digo namorada, mas isto também se aplica a todos os níveis de relacionamento onde haja envolvimento sexual. Ridículo, dizem todos vocês, essa implicância com a outra mulher, só porque a amiga é mulher e o namorado não pode ter amigas mulheres. Não, não é ridículo. Porque há namorados que me têm a mim como amiga. Podia agora apontar vários aspectos físicos da minha pessoa, como o meu busto cheio de personalidade ou o meu cabelo volumoso, ou ao contrário se preferirem, como factores de inveja ou insegurança nas coitadinhas das moças, mas hoje vou focar-me em aspectos da minha personalidade. De facto, deve ser complicado dividir atenções com uma pessoa com uma veia de entertainer como a minha. Uma pessoa que tem sempre histórias para contar, como a da vez em que o meu pai foi à feira comprar plantas novas para a horta e ligou-me todo satisfeito a dizer que este ano íamos ter 'gurmétes' e 'bordalezas', telefonema esse, seguido de outro da minha mãe, a fazer a necessária tradução para 'courgettes' e 'framboesas'. Outra coisa que as namoradas normalmente não gostam, é que as tais 'grandes amigas' dos namorados não saibam da sua existência e falem do flirt do gajo na última saída à noite, à gargalhada, enquanto perguntam ao menino quantos pacotes de matutano comeu para ganhar um pega-monstro daquele tamanho, porque uma bebedeira não justifica alguém andar de volta de uma gaja tão feia e gorda. Ainda outra coisa que as namoradas normalmente não gostam, é que as tais 'grandes amigas' dos namorados não se lembrem da cara delas quando já foram apresentadas mais de três vezes e ainda se riam disso, tudo isto dentro do carro dela. Outra coisa ainda que as namoradas normalmente não gostam, é que as tais 'grandes amigas' dos namorados não se lembrem da nome delas e ainda tentem adivinhar dizendo o nome de uma ex-namorada dele. Os meus amigos propuseram que na próxima saída eu vá de mordaça e só beba sumo. É capaz de ser uma solução. Achei por bem partilhar. Caso tenham uma amiga como eu.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Juro que não vou falar mais no motorista gordo (sim, fiquei traumatizada), mas não posso deixar de manifestar o medo que tenho de isto ter sido muito parecido com a realidade


"Amanhã vais buscar a Snail a Lisboa."



Dúvidas existenciais

As pessoas gostam de dizer coisas parvas. É um facto. As pessoas gostam de se humilhar. É outro facto. As pessoas gostam de dizer coisas absurdas só para fazer conversa. Mais outro facto. Mas se há coisa que me irrita, é quando as pessoas fazem perguntas parvas em forma de afirmação com a mania que têm graça. Coisa que deve ser uma figura de estilo qualquer, mas línguas nunca foi o meu forte. Tirando fazer coisas com a língua. Disso já percebo. E gosto. Ah, e língua de vaca estufada. Disso também gosto. É pena é não saber como se faz. Mas, voltando aqui às minhas dúvidas, intriga-me o porquê de me dizerem frases, como a desta tarde: 'Está a chover tanto!'. Irritou-me. Principalmente, porque estava a andar na rua. Com essa pessoa ao lado. Lógico que não me contive e disse: 'Sério? E eu a pensar que era Deus a vir-se para cima de mim...'. Ou então como esta, também desta tarde: 'Olha ali um anão para ti!'. Irritou-me. Principalmente, porque eu estava a olhar para o lado contrário e podia não ter tido um ataque de pânico até quase mijar-me pelas penas abaixo. Lógico que saiu-me 'Olha aqui um caralho para ti!' com o meu dedo médio esticado no ar até quase lhe furar um olho. Mas pronto, calculo que estas pessoas, que convivem comigo todos os dias, fazem estas coisas apenas pelo prazer de me ver enfurecer e largar caralhadas ao ar. Agora, o que me intriga mesmo, é quando estas constatações em tom de vamos-começar-aqui-uma-conversa, com uma observação desnecessária, ridícula e auto-humilhante, vêm de uma pessoa que me conhece apenas superficialmente. Como a mensagem do motorista gordo, pessoa que não me via nem trocava palavras comigo há mais de um ano, que recebi hoje de manhã. "Olá! O nosso amigo G. diz que tu não gostas de gordos.". Apeteceu-me responder: "Até gosto. Quando estão a dormir. Calados. Sem se deixarem ver. Em baixo da terra.". Mas apenas respondi: "Cuidado, não se pode dizer nada ao G. Ele conta tudo. Bjs". Parece-me que o gordo não sabe lidar com constatações parvas. Ainda não me respondeu. Que pena.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Acerca do ponto 'alto' do dia de hoje...

... duas coisas.

Uma:
- Ah, és tu que me vens buscar?
- Sou.
- Quando ouvi a conversa ontem pensava que era alguém que não me conhecia...
- Eram eles a gozar. A ver se eu adivinhava quem era. Eheh!
- Ah...
- Foi fácil. Eheh!
- Pois...
- Olha que te constipas. Eheh!
- Engraçadinho.

Duas:
Já era gordo o ano passado. Agora está mais.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Diva for real!

Mas como é que uma labrega do campo chega a Diva?!
Pretensiosa do caralho!
Autista drogada!

Estes podem muito bem ser os comentários dos invejosos que, infelizmente, também fazem parte da vida de uma verdadeira Diva. Mas, meus queridos (sim, queridos, porque uma verdadeira Diva só conhece o amor pelo outro), os factos falam por si:

1) Eu tenho uma legião de fãs. 
2) Eu sou linda e tenho um par de mamas fabuloso.
3) Eu tenho uma vida amorosa atribulada versus inconsistente versus não-satisfatória. 
      3.a) As Divas nunca têm amores para a vida.
      3.b) Isso só acontece às pirosas das princesas da Disney.
4) Eu tenho personal-shopper-advisors que vão comprar roupa por mim.
      4.b) Importados (os personal-shopper-advisors) de países tropicais.
5) Eu faço as compras de super-mercado online que são entregues por um estafeta a quem dou um copo de água e 1 euro de gorjeta, se for um gajo giro.
      5.a) As Divas têm crises de ansiedade junto às bancas de legumes frescos, principalmente dos pepinos. 
      5.b) As Divas são pessoas caridosas.
      5.c) As Divas nunca perdem a oportunidade de ter um flirt com um elemento giro da plebe.
6) Eu desloco-me ora a pé ora de carro, desde que conduzida por um motorista.
      6.a) As Divas andam na rua para poderem dar trabalho aos paparazzi.
      6.b) As Divas são pessoas caridosas.
      6.c) Os paparazzi às vezes são giros.
      6.d) As Divas nunca perdem a oportunidade de ter um flirt com um elemento giro da plebe. 

Motorista. Sim. Motorista. Amanhã desloco-me para o meu segundo trabalho, num carro conduzido por um motorista da empresa. Pessoa que eu desconheço, que também não me conhece, mas que me vai esperar à porta do serviço. O motivo para este episódio é de pouca ou nenhuma importância (precisam de mim porque não está mais ninguém disponível, a uma hora impossível de cumprir para quem anda de transportes públicos) mas o que importa é que eu, amanhã... e sai agora um poema:

Vou trabalhar conduzida por um homem
Motorista
Que não é um amigo a dar-me boleia
Nem taxista. 

(bonito, este momento)

O que eu ouvi quando me descreviam ao motorista foi "baixinha, cabelo preto muito comprido e encaracolado e... assim pró avantajada no decote, vá...". Amanhã não posso ir de gola alta nem cabelo preso. Primeiro, porque tenho de ser identificada por uma pessoa que só sabe isto a meu respeito ou corro o risco de ficar em terra. E depois, porque o motorista pode ser um gajo giro. E há todo um código ético e deontológico das Divas que deve ser respeitado.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Diziam eles...

- Isto tem de ser pintado, pá!
- Como? Rolo ou pincel?
- Eu por mim, era mesmo à pistolada.

Podia ficar 4 horas perdida em pensamentos.
Tenho sono.
Vou ter sonhos esquisitos, hoje.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Diva Queen

Hoje a preta foi com o brasileiro à compras...

Cheguei a dizer que a preta namora com um brasileiro? Adoro a riqueza das relações multiculturais.

Continuando. Hoje a preta foi com o brasileiro às compras. Se a minha veia de diva-super-estrela com travo a dondoca já pulsa vigorosamente num dia vulgar, o conhecimento deste facto fez com que o meu lado de rainha do império colonial se sobrepusesse ao meu feitio já de si especial. Ordenei que me trouxessem exemplares de uma categoria de artigos da máxima importância para a minha existência. Os meus vassalos lá embarcaram nesta epopeia, devotos à minha pessoa e nervosos com a hipótese de falharem na missão, pelo que ainda me pediram para lhes telefonar e falar com a menina da loja sobre os tamanhos (estavam incrédulos com a magnitude do tamanho, talvez...), as cores e os modelos que eu queria. Uma maçada, ter que levantar a minha real peida do puff para chegar ao telemóvel e ainda gastar dinheiro com uma chamada, mas, coitados, via facebook, com fotos dos artigos e descrições escritas não estava a ser o suficiente para entenderem os meus desejos. Preferiram que eu falasse com uma profissional. Há que dar-lhes o mérito por reconhecerem as suas limitações. Hoje não vão dormir com os restantes. Hoje podem pernoitar aqui no palacete, no quarto dos fundos, claro. Até porque hoje vou trabalhar à noite e preciso de caseiros para me guardar a sede do império. Amanhã dou-lhes doces. Vão ficar contentes. Fofinhos.

Para aqueles que me acusam de distorcer as histórias para ficarem engraçadas, aqui estão provas:



E sim, o namorado da minha amiga foi comprar-me roupa interior. 
Eu sou uma rainha.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Consultório da Lambisgóia

Questionava ontem, um ilustre leitor deste respeitoso blog, sobre o limite temporal de permanência na minha mente de determinados temas que constituem um importante factor desencadeador de inquietação na minha pessoa. Porque não consegue a Snail pensar em coisas (pilas) durante períodos superiores a 4 horas? Como pode um dos seus adereços vivos de diversão pessoal de assumida preferência ser largado ao desprezo em tão curto espaço de tempo? Que outro desejo se pode sobrepor à visão etérea da dança de serpente mágica? Porquê?


Porque depois dá-me a fome.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Palavra do senhor

Mais vale aparecer-te o período enquanto comes sushi do que enquanto comes outra coisa.

Graças a Deus.

Seja o que Deus quiser

Preta: "Se hoje não fizer noite, queres ir ao sushi?"

Homem da gaita: "Hoje a preta faz noite ou tens a casa ocupada?"

Deus Nosso Senhor que decida por mim porque eu não consigo.

Relógio biológico

Desde que a minha relação mais longa terminou, há coisa de quatro anos, oito meses e catorze dias, que nenhuma outra relação longa aconteceu. Desde então, estabelecendo aqui uma espécie de analogia, que a minha vida sexual tem-se assemelhado a uma montanha russa, com o respectivo período de época baixa de afluência do público no inverno, enquanto que a minha vida amorosa/emocional tem tido tanta emoção como aquela que acontece nos documentários dos anos oitenta sobre pradarias, onde se vê o esqueleto de uma vaca, um abutre sub-nutrido e uma bola de feno a passar ao sabor do vento. O relógio biológico, esse, não conheço. Entretanto, esta tarde, encontrei um amigo que já não via há mais de três anos. Lembro-me dele como um preto atlético, culto e inteligente. Bonito que só ele. Não era um bom companheiro de copos, mas era de conversa. Tenho saudades dele e de passarmos horas a falar das últimas aventuras íntimas de cada um. E hoje encontrei-o por acaso, ia eu a pé e ele parado dentro do carro num cruzamento, pelo que a conversa esteve limitada ao tempo que o semáforo permitiu. Ainda assim, deu para ver uma cadeira de bebé no banco de trás. Ah, já és pai e tal? Ah, sim mas só ao fim de semana... estou separado. Ah, que pena... mas estás bem? Ah, estou... e tu já és mãe? Ah, achas... Deus me livre! Semáforo muda para verde. Braço musculado sai pela janela para me dizer adeus enquanto um sorriso cheio de dentes impecavelmente brancos dizia que me ia ligar para bebermos um copo e conversarmos um dia destes. Nunca pensei neste homem para além de um amigo sempre vestido. Nem gosto de imaginar mini-pessoas inteiras a sair-me do ventre. Nem ele me vai ligar para copo nenhum. Mas vou estar as próximas quatro horas a pensar em fazer bebés.

Quando ser irreverente não é assim tão fixe

Diz que ontem a malta fartou-se de pinar. Foi...?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Privação do sono

Como já é do conhecimento público, eu trabalho num sítio estranho, repleto de gente estranha com comportamentos deveras estranhos. Dado eu ser uma pessoa mental e fisicamente sã, considero-me um erro de recrutamento naquele cenário. Descrevo, então, a minha rotina quando faço noite. Estou enclausurada num gabinete do tamanho de uma gaiola, onde, quando tenho sorte, as pessoas batem à porta antes de entrar. Essas pessoas vão aparecendo e eu confirmo se o seu nome consta da minha lista de trabalho, como se de um bordel ultra-moderno com worklist informática dos clientes se tratasse. Caso o nome conste da lista, mando a pessoa despir-se da cintura para cima, deitar-se sobre as suas costas, permanecer imóvel e então entro em acção. Não mais de dez minutos a cada um e siga para o próximo. Mas todo este processo é verdadeiramente complexo desde os primeiros minutos para alguns. Uns não sabem como se chamam, outros perguntam depois de eu perguntar o nome "O meu?" (não, o meu, que eu sofro de amnésia grave... parvos.), outros dizem coisas imperceptíveis ao ouvido humano, outros há que até nem falam e eu que adivinhe e ainda há os que têm nomes fruto de momentos divinos de inspiração de mães que certamente se drogavam forte e feio. E é uma destas situações que venho relatar hoje.

Jovem, que minutos antes esteve no gabinete a acompanhar o avô, bate à porta:

- Lindo Volver.
- Desculpe? (Tás a gozar???)
- Lindo Volver.
- Não consta da lista. (Que merda de nome.)
- Mas isto é seu.
- Meu? Oh meu senhor, eu estou a trabalhar. (Tarado!)
- Tome lá! 
- Já lhe disse que estou a trabalhar. (Taradão do caralho, se me mostras a pila, grito! Olha que eu hoje venho alterada!)
- Disseram-me que era seu...

Fechei a porta sem dizer mais nada, sentei-me na cadeira e resmunguei com a minha colega "Até às 4 da manhã temos de levar com gente maluca? Credo! Não me pagam para isto!"

A privação do sono provoca alucinações, dizem os peritos. Juro, pela minha saúde, que foi isto que aconteceu. Mas a minha colega de trabalho anda a deixar-me preocupada. Ela jura que o rapaz disse "vim devolver" e que tinha uma peça de um dos nossos aparelhos na mão que, supostamente, foi agarrada à cadeira de rodas do avô. Tal não é a gravidade da situação clínica da miúda, que até se levantou e foi supostamente atrás do jovem, trazendo depois uma peça igualzinha às nossas. Deve tê-la levado no bolso só para dizer que tinha razão e que eu ando a ouvir mal o que me dizem. Outra maluca dos cornos, é o que é.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Amanhã é dia dos namorados

Acabou agora mesmo de passar uma reportagem na televisão sobre a violência nas escolas antes do 25 de Abril de 1974.

"Dava-me vergastadas com uma vara comprida."

Vou ficar 4 horas a pensar em pilas.


(Post quase em modo telegráfico, porque daqui a pouco vou fazer turno da noite. A minha vida não é só isto.)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ah gente fina!

Explicava a senhora doutora, com o cabelo impecavelmente arranjado e com a cor do cabo do estetoscópio a combinar com a cor das unhas e das socas do bloco operatório, a uma senhora com vários dentes a menos e com um buço de cor a combinar com a dos pelos dos sovacos, o procedimento cirúrgico a que esta última iria ser submetida na próxima semana:

- Isto é ir cortando fatias finíssimas do músculo até deixar de haver essa obstrução, como quem manda cortar fatias finíssimas de Roast Beef (com sotaque britânico irrepreensível), 'tá a ver?
- Oh minha senhora, a gente lá em casa só conhece bifanas e costeletas. Mas acho que percebi.
- Ahahahah (riso sonoro sem correspondência na expressão facial), não é bem a mesma coisa, minha querida... Não é bem a mesma coisa.

Ah! O que eu gosto de trabalhar com gente fina. 
Estúpida como a merda, mas fina.

bullying

Encherem a caixa de entrada do mail pessoal de uma mulher solteira com promoções para o dia dos namorados, enviadas por restaurantes, por agências de viagens, por hotéis, por floristas, por perfumarias, por farmácias, por vários sites de descontos, pela clínica de estética onde ela faz a depilação e até pelo Continente(!!!), devia ser considerado crime previsto pelo código penal e a vítima ter direito a baixa médica, bem como a uma  avultada indemnização, devido aos danos morais e psicológicos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Casos arquivados

Hoje foi o dia em que podia ter sido despedida.

Porque, hoje, fizeram com que me lembrasse de situações passadas, em que me informaram de coisas como ''fiz um caril de peixe espectacular, gostava que provasses, mas já comi tudo'', ''não fui porque tive uma gastroenterite mas, se soubesse que gostavas da banda, tinha falado contigo e ficavas com o meu bilhete para o concerto'' ou ainda ''eu já tinha ouvido rumores de que ele tinha uma pila pequena, mas tu parecias tão entusiasmada...''.
Porque, hoje, com cara de mistério, uma auxiliar veio entregar-me um envelope de tamanho A4, sem remetente, onde se lia no destinatário ''Exma. Sra. Snail (entregar em mão)''.
Porque, hoje, em 3 segundos, me passou pela cabeça ''alguém me fotografou a dormir no trabalho'',  ''alguém me fotografou a coçar o cu no trabalho'', ''alguém me fotografou a fazer uma imensidão de coisas absurdas e ridículas no trabalho, menos a trabalhar'', ''vou ser despedida'', ''vou ser chantageada'', ''alguém quer matar-me'', ''a máfia romena anda atrás de mim''.
Porque, dentro do envelope, afinal estavam dois diplomas onde se lia ''Snail da Silva, portadora do documento de identificação número 12345678, concluiu o curso de formação XXXXXXXXXXX em Outubro de 2009, com aproveitamento positivo e com a validade de dois anos''.
Porque, hoje, tive vontade de mandar um envelope para uma pessoa, como carta registada com aviso de recepção, onde apenas constava um pequeno papelinho a dizer: "Ai sim? E de que me serve agora essa merda?".
Ou melhor, porque, hoje, quase fiz um rolinho com dois diplomas, quase subi 7 andares pelas escadas, quase baixei as calças da pessoa responsável por isto e quase lhe enfiei os lindos diplomas pela tripa acima.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Segredos de uma relação de longo prazo

Daquelas relações fortes e bem estruturadas, como aquela que eu tenho com preta. Hoje apenas estivemos juntas 1 hora. E o segredo de uma relação, mesmo sem qualquer interesse sexual e de pura amizade, é precisamente fazer a magia acontecer no pouco tempo que se partilha com a outra pessoa. Ela chegou a casa e perguntou logo se tenho andado com diarreia. Disse-lhe eu que não e perguntei o porquê da pergunta, sem lhe mostrar a preocupação que se apoderou de mim, não fosse eu ter deixado o ar da casa de banho incompatível com a vida após a minha última cagada. Disse-me ela que apenas perguntava porque ela está com diarreia. Perguntei intrigada se é suposto eu andar a desfazer-me em merda cada vez que ela também está. Ela chamou-me um nome feio e disse que só perguntava porque podia ser por causa dos 6 Kg de tangerinas que o meu pai trouxe na passada 6a-feira. Disse-lhe que, então, as tangerinas só devem provocar caganeira aos pretos, porque a mim nunca aconteceu. Chamou-me outro nome feio e disse que hoje ia jantar e dormir em casa do namorado. Eu chamei-lhe um nome feio e disse que quem perdia era ela, porque eu tinha comprado uma garrafa de tinto para o jantar. Ela sorriu e disse que então ainda bebia um pouco do vinho. Eu respondi que ela bebia era do caralho. E ela respondeu que isso era só mais tarde e que, enquanto não chegava esse momento, ia mesmo beber do vinho e eu que me fodesse. Como se o vinho fosse dela. 
Isto, meus caros, é pura amizade. 
Quase tão pura como se fossemos dois gajos. 

Mas, como sou gaja, fiquei aqui a pensar para mim... com que moral achas que podias beber do meu vinho como preliminar do teu sexo quando já devoraste das minhas tangerinas até apanhares uma intoxicação alimentar?? Só por causa disso vou acabar com a tua garrafa de martini! Porca.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Deverá este dia ser recordado... #2

... como o dia em que estava tão concentrada no trabalho, que nem dei por uma pessoa entrar na sala e pôr-se atrás de mim à espera que eu terminasse o que estava a fazer para poder falar comigo e, estando eu tão habituada a ter estagiários na sala que mais parecem sombras das quais tenho de me desviar cada vez que dou dois passos, nem reparei que era o meu chefe, pelo que ainda tentei desviar-me como normalmente até ele me chamar a atenção para a sua presença, tendo eu desabafado com o ar mais natural deste mundo: "Ah é você... estou tão habituada a ter homens de bata branca espetados atrás de mim que nem estava a dar por nada..."

Duas coisas a reter:
1) o meu chefe passou a achar que eu sou uma badalhoca com insensibilidade anal;
2) tenho medo do próximo dia em que o meu chefe me chamar para uma reunião particular no seu gabinete.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Porque isto também podia ser um blog cultural


Boa noite a todos.

Paragem cardíaca

Telefonema hoje de manhã:

Colega: Olá maluca, podes falar?
Eu: Oi! Posso, se não pudesse não atendia o telefone.
Colega: Bruta de merda!
Eu: Sempre. O que queres?
Colega: Estava aqui a falar com o A. e ele disse-me uma coisa...

*
A. = o mariconço de merda que viu o meu mail há duas noites atrás quando eu saí do gabinete para ir vadiar porque não me apetecia trabalhar e que quando voltei se limitou a dizer "Opa... Ia ao meu mail e vi uma mensagem bué esquisita, deve ser um anúncio a qualquer coisa da igreja e pelo título acho que tem a ver com coisas promíscuas e apaguei aquela merda e só depois vi que era o teu mail que estava aberto. Mas deve estar na lixeira do mail, se quiseres ver"; ao que eu respondi apavorada "Ah... não sei... eu só uso esse mail para receber as contas da água e da luz... deve ser spam..." e ao que ele respondeu "Não sei..." com um ar desconfiado.
*

Eu: Disse-te uma coisa?! Que coisa?! Sobre quem?! Olha que ele às vezes exagera... Sei lá... Os boatos às vezes nascem de mal entendidos, né?...
Colega: O quê?...
Eu: Pois! E ele fez noite comigo na segunda-feira. O cansaço e tal... 
Colega: Espera....
Eu: Gosto tanto dele! Sempre no gozo e a inventar cenas, né? Um maluco!
Colega: Eu preciso fazer uma troca aqui de um turno e ele disse-me que tu não te importas de fazer domingos à noite.
Eu: Eu? Sim. Claro. Manda-lhe um beijinho meu.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Da ameaça

Eu sou uma pessoa muito virada para a abertura. Gosto de espaços abertos, sou uma pessoa com uma mente aberta para conhecer novos mundos e novas pessoas, era menina para abrir a cabeça a todos os anões do planeta e acabar com essa espécie e até posso dizer que, este fim de semana, abri as pernas de tal maneira que temi vir a ser contactada por várias companhias de circo amador. Mas o que eu devia começar a fazer, era não levantar a peida da cadeira para ir vadiar não sei para onde durante o horário de trabalho e deixar o mail aberto. Até o podia fazer, se fosse o mail do serviço, mas deixar um dos mails pessoais onde recebo notificações dos comentários feitos por pessoas indecentes a um post onde são mencionados vários nomes para o orgão sexual masculino num blog de índole igualmente duvidosa, isso já é abusar da sorte.

Quando se comete este erro ao mesmo tempo que se divide o turno com um gajo que já me conhece desde os tempos do curso, que gosta tanto ou mais de pilas como eu e que tem uma língua de trapo e ainda mais venenosa que a minha a coisa pode correr ainda pior.
Mas pode ser que a sorte esteja do meu lado e ele tenha pensado apenas que eu ando a trocar mensagens com um gajo fanático de uma seita qualquer e muito dado à prática de bondage, que conheci num qualquer site de engate. E mesmo que ele tenha decidido seguir os links, aliciado pela palavra 'pénis', tenha fechado logo esta merda com a desilusão de não haver aqui pilas expostas. E mesmo que ele tenha percebido que isto afinal é só um blog de merda, sem nada de jeito para ler, pode ser que não tenha percebido que é o *meu* blog. E mesmo que tenha percebido que é o meu blog, pode ser que mantenha a boca fechada, tal como ainda está a porta do 'armário' e tema que o suposto segredo da sua paneleirice seja revelado.

Eu tenho fotos, man!!! Eu tenho fotos tuas!!!!
(Oh god... tou fodida)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Com o pénis quase a sair da boca

"Essa gente que diz que os padres deviam casar, não sabe o que é a igreja nem a religião. Um padre que se case pode vir a ser um padre divorciado. E daí às relações homossexuais com conhecimento público é um passo pequeno. Isso não é um exemplo a dar aos fiéis... Não assim, à descarada."

Pois não... Mas comer meninos às escondidas já pode ser, não é? Só não te mandei para o caralho porque não calhou. E porque pessoas que pensem como tu não merecem coisas boas.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Da minha humildade

Começo, desde já, com um sincero pedido de desculpas pela minha ausência. Depois peço desculpa pela ausência de registos fotográficos. Depois peço desculpa por ter dito que ia mostrar fotos, porque estava a mentir. Depois peço desculpa às pessoas da mesa ao lado no restaurante no jantar de sexta-feira, por terem aturado um pai a ralhar com a filha porque ela usa decotes grandes, porque bebe muito e porque nunca mais arranja um homem para se casar, uma mãe que só falava de galinhas, laranjeiras e iogurtes fora do prazo e um puto de ano e meio que se peida como um senhor e que decidiu cagar à mesa a meio do jantar. Depois peço desculpa à minha amiga que esperava por mim no Cais do Sodré para beber uns copos, mas estive (finalmente) a matar o ramadão. Depois peço desculpa a mim própria por não ter vergonha na cara e ter andado a fazer figuras tristes num beco escuro da margem sul. Depois peço desculpa às minhas pernas por estarem carimbadas com nódoas negras em forma de travão de mão. Depois peço desculpa à preta por tê-la arrastado ontem para uma festa, por tê-la deixado vir sozinha para casa porque eu estava possuída pelo demónio e pela ressaca das duas hoje. Depois até pedia desculpa a quem me trouxe a casa, mas não faço puta de ideia de quem foi. Depois peço desculpa ao resto do meu corpo por mais umas quantas nódoas negras que não sei de onde vieram e ao meu fígado e restantes órgãos digestivos, se é que eles estão ainda vivos. E, finalmente, peço desculpa por antecipação às pessoas que partilham comigo as instalações sanitárias lá do serviço, porque duvido que esta caganeira se resolva hoje.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ou muito me engano, ou vai haver merda #3

20h07: "Quando estiverem a entrar na ponte, avisem." - pedi eu.

20h27: Ou o meu telemóvel avariou, ou a rede pifou, ou os satélites deixaram de comunicar, ou alguém ainda está muito longe da ponte.

Vai haver mortes.

Ou muito me engano, ou vai haver merda #2

12h01: "A tua irmã vai dar sopa ao baby antes de irmos. Pelas 20h estamos aí."

20h07: Ainda não saíram de lá.

Começa bem.

Ou muito me engano, ou vai haver merda

O senhor meu pai fez anos esta semana. A família vem toda em comitiva, neste momento, a caminho da cidade para jantar. Prometo fotografar o momento mais embaraçoso da noite e divulgá-lo aqui, para vossa diversão. Sim, porque vão haver vários. E porque eu não quero que vos falte nada.