tag:blogger.com,1999:blog-70057304803878897322024-03-19T03:47:47.602+00:00A lambisgóia do 3º andarSnailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.comBlogger191125tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-28853958246222945832014-09-04T22:32:00.000+01:002014-09-04T22:32:04.504+01:00Message in a bottle- Então miúda? Casaste ou quê?<br />
<br />
- Não... Mas lavo-lhe as cuecas. É quase a mesma coisa.<br />
<br />
<br />Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-88158710393089282842014-04-23T21:53:00.000+01:002014-04-23T21:53:05.392+01:00Aleluia.<div style="text-align: justify;">
Há uns tempos, publiquei uma foto com cerca de vinte pares de sapatos numa rede social. Quarente e oito pessoas - quarenta e sete mulheres e um gay - gostaram da foto. Se ele não é gay, perdeu a oportunidade de ficar sossegado, pensei eu na altura. Pensei também em dar-lhe uma palavrinha sobre isto, porque perder coisas pode deixar uma pessoa um bocado fodida mas no mau sentido, mas entretanto fui de férias. Fui de férias e aconteceu o seguinte. E passo a relatar. A coisa ia correndo mal logo no início, porque deixei-me dormir e ia perdendo o avião. Já ia meio fodida porque tive a triste ideia de ir beber copos na véspera e isto das ressacas já não são o que eram há 10 anos atrás. Devo ter perdido o fígado algures. Passado o stress inicial e a ressaca, lá comecei a aproveitar a coisas, <i>road trip</i> pela Europa, faz e desfaz malas em cada paragem, até que dou por mim e: como é que uma pessoa consegue perder três peças de roupa interior em menos de uma semana??? Como??? Olhei para o tecto, como as Divas fazem nos filmes, e disse ''Eu não sei que tipo de mensagem queres passar, meu... mas isso de me fazeres perder coisas 'tá a deixar-me fodida!''. Os dias lá passaram, ainda perdi um isqueiro, um frasco de gel de duche e 50 euros numa multa de trânsito. E é na última tarde que reúno mentalmente tudo isto e traço a seguinte regra teórica, a meio de uma caneca de cerveja: perder coisas é mau, nada de bom vem por ter perdido coisas, não tenho as coisas e estou fodida, foda-se, estou tão fodida. E ora que chega a última noite, roupa fancy, perfume, jantar num bom restaurante, saída para uns copos, discoteca, malta muito bêbeda, rapaz lá ao fundo a sorrir, Oh Deus não pode ser!, Snail?, Zé?, Tu aqui?. </div>
<div style="text-align: justify;">
Graças a Deus que perdi a virgindade, e há já muitos anos. Todas as regras têm uma excepção, e algumas têm mais que uma. Fui fodida, foda-se, fui tão fodida. </div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-84473147527033789142014-04-06T23:55:00.001+01:002014-04-06T23:55:26.390+01:00Momentos de reflexão<div style="text-align: justify;">
Faria sentido voltar com um pedido solene de desculpas devido à ausência prolongada, não era? Era. Um treinador bonzaço lá do ginásio também pede sempre para eu me desculpar quando me baldo mais de dois dias seguidos. Nas últimas semanas aconteceram-me várias coisas caricatas. Após cada uma delas pensei, ''Olha, isto até dava um <i>post</i>!''. Algumas foram no trabalho. Houve o jovem que pediu-me para eu lhe beliscar os mamilos. Houve a senhora que me acusou de ter roubado o casaco ao marido. Houve o vendedor de suplementos para desportistas que conhece o meu treinador bonzaço. Outras foram no ginásio. Há o chinês meio gay que tanto diz que gosta de mim, como da cinquentona fresca, como do treinador bonzaço e que diz que temos todos de ir beber café e passear no parque uma noite destas. Não percebi se ele ainda não fala bem português ou que raio de hábitos eles têm lá na China de ir passear no parque em pleno Inverno, mas temo que ele queria combinar uma espécie de <i>double date</i>. Coisa que, dado a sua orientação sexual dúbia, me deixa com igual probabilidade de calhar com ele, com a cinquentona ou com o bonzaço. Qualquer uma destas situações davam para criar um <i>post </i>com uma mensagem subtil de orientação espiritual? Dava. A verdade é que eu não sei bem o que se passa comigo. Ainda hoje de manhã pensei em escrever qualquer coisa, e até foi uma manhã engraçada, porque acordei com um olho inchado e percebi logo que a chuva tinha ido embora e que as alergias tinham voltado. Depois almocei e comi feijoada, e enquanto comia a fruta senti uma ligeira turbulência intestinal e pensei "Eh lá, que o peido já está em gestação!". Depois estive a limpar a casa e enquanto aspirava foi um tal de me libertar, o que até foi giro, porque senti que fazia parte de uma linha de produção industrial de gás natural, o tubo a engolir ar e eu a soltá-lo como um homem. E uma parte importante da vida é isto, sentirmos que fazemos parte de alguma coisa, não é? É. O treinador bonzaço lá do ginásio também diz que sim. O que eu quero explicar é isto, é que eu penso em fazer as coisas, mas depois distraio-me não sei bem com o quê, o que é uma pena. Pena também, é o sexo continuar a não fazer parte da minha vida. Ainda no outro dia lamentei-me disto com uma amiga, e disse-lhe que estava a precisar de férias, imperiais e sexo. ''Férias e imperiais vais tu ter já para a semana, quanto ao resto não te posso ajudar nem estou interessada.'', disse-me a bruta. O mais engraçado é que três dias depois, conforme as escrituras, um antigo quase-namorado, que por acaso é <i>muita </i>giro, ressuscitou sob a forma de um sms a perguntar como estou e que gostava de beber um café um dia destes. Café a puta que o pariu, que essa conversa já eu conheço. Não foi preciso muito esforço para saber que se separou e que anda a 'sentir-se sozinho'. Mas isto é como diz um treinador bonzaço lá do ginásio, que por acaso também é <i>muita </i>giro e <i>muita </i>divorciado: ''Tu é que tens razão Snail, não vamos perder tempo com o passado.''. Mas isto tudo, se calhar, é cansaço e não ter tido tempo para muita coisa nos últimos tempos, nem para as noitadas. Ainda hoje estava a falar com o treinador bonzaço lá do ginásio na <i>net</i>, ele estava a contar-me que ontem foi sair e que anda destreinado dos copos, que só de beber duas coisinhas ficou meio torto e que por isso é que me mandou mensagens a dizer "Anda daí!" e "Zimboraaaaa!" quando sabia perfeitamente que eu estava a trabalhar. Eu ri-me e disse-lhe que também ando enferrujada nisso dos copos e ele propôs que fossemos só os dois sair, sem mais ninguém ver, para treinarmos os fígados para o Verão que se aproxima sem passarmos a vergonha de andarmos fraquinhos. Ele é engraçado, não é? Eu também acho. E pronto. Já me baralhei toda. Acho que é aquilo da semana antes de entrarmos de férias que deixa as pessoas assim meio tontas e sem conseguir pensar na mesma coisa durante muito tempo, não é? </div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-88997132114791330222014-02-28T21:24:00.000+00:002014-02-28T21:27:11.609+00:00Pequeno exercício sobre a ordinarice e a insanidade mental<div style="text-align: justify;">
<b>Os pressupostos: </b></div>
<div style="text-align: justify;">
- Um grupo de pessoas vai trabalhar, da parte da tarde, para um local fora da cidade onde vivem.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Esse grupo é composto por três pessoas, dois homens, condutores, chamados Guilherme e António, e uma mulher, não condutora, chamada Snail.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Guilherme, simpático, tinha prometido boleia à Snail, porém Guilherme terminou o seu serviço mais cedo, pelo que pergunta a António se pode ser ele a levar a Snail a casa, já que os dois vão terminar o serviço sensivelmente à mesma hora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cenário 1, assumindo que os três </b><b>são </b><b>pessoas normais.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail?</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Oh, não é preciso, eu vou de comboio...</div>
<div style="text-align: justify;">
António: Vais agora de comboio... Claro que te dou boleia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Desde que não te faça transtorno... Aceito...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cenário 2, assumindo que Guilherme é um ordinário.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres, até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Ordinário! Não é preciso, eu vou de comboio...</div>
<div style="text-align: justify;">
António: Ele é parvo, não ligues. Claro que te dou boleia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Desde que não te faça transtorno... Aceito...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cenário 3, assumindo que Guilherme e António são uns ordinários.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Ordinário! Não é preciso, eu vou de comboio...</div>
<div style="text-align: justify;">
António: E chupas? Se chupares dou-te boleia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Ordinário! Desde que não te faça transtorno... Aceito... A boleia, claro!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cenário 4, assumindo que Guilherme, António e Snail são uns ordinários.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Sim, só se for à bruta. Para fazer festinhas, prefiro fazê-las eu sozinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
António: E chupas? Se chupares dou-te boleia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Só se pagares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cenário 5, assumindo que </b><b>os três são</b><b> uns ordinários e que não são bons da cabeça.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Guilherme: António, podes dar tu boleia à Snail? Se quiseres até lhe podes dar uma à bruta, que ela gosta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Sim, só se for à bruta. Para fazer festinhas, prefiro fazê-las eu sozinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
António: E chupas?</div>
<div style="text-align: justify;">
Snail: Só se pagares.</div>
<div style="text-align: justify;">
Chefe dos três: Esse tipo de brincadeiras fora da sala de espera! Já não é a primeira vez que vos aviso aos três!</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-86377479587485689612014-02-24T21:35:00.000+00:002014-02-28T22:35:20.100+00:00TPC - A homenagem a uma professora.<div style="text-align: justify;">
Uma menina de baixa estatura, esbelta e em boa forma física, foi ajudar a descarregar móveis de uma carrinha. Responda a cada alínea, escolhendo a hipótese correcta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1) Com base na imagem seguinte, indique qual a afirmação verdadeira:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY5Gd5Mosf_I6k_5XrSH4SFHr9lOfZrTQCT3GG7hdjF5LQ5BOZ6kf3yLAcfJI3_GcPDwBU0agNRXIaMp1FaT4S8d90j67xfLe1wFo6zNm0xpVu2qGtjfcGD7pQqdIbVt3SMl7jLkNhTUpR/s1600/DSC05413.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY5Gd5Mosf_I6k_5XrSH4SFHr9lOfZrTQCT3GG7hdjF5LQ5BOZ6kf3yLAcfJI3_GcPDwBU0agNRXIaMp1FaT4S8d90j67xfLe1wFo6zNm0xpVu2qGtjfcGD7pQqdIbVt3SMl7jLkNhTUpR/s1600/DSC05413.JPG" height="150" width="200" /></a>a) litro e meio de água chegam para lavar aquela saia;</div>
<div style="text-align: justify;">
b) existem garrafas maiores que certas saias;</div>
<div style="text-align: justify;">
c) a imagem representa uma saia que não devia ser usada e uma garrafa que já foi usada;</div>
<div style="text-align: justify;">
d) para pequenas saias, grandes garrafas;<br />
e) é um cinto e uma garrafa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2) Considere que vai a passar na rua, dentro do seu carro, e que olha na direcção da menina. Que posição/movimento terá ela de fazer para que consiga ver as suas cuecas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
a) entrar de cabeça para dentro do carro, com o rabo empinado e virado para a estrada;</div>
<div style="text-align: justify;">
b) inclinar-se levemente para a frente e coçar um joelho;</div>
<div style="text-align: justify;">
c) levantar um braço;</div>
<div style="text-align: justify;">
d) espirrar;</div>
e) se ela se mexer muito vê-se mais do que as cuecas.Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-37668898612611052612014-02-23T18:10:00.001+00:002014-02-23T18:11:34.188+00:00Snail, a alegrar a vida das pessoas desde 1978<div style="text-align: justify;">
Ontem fiz uma boa acção. Ajudei uma amiga a fazer o quartinho novo para o filho dela. Lá fomos as duas buscar a mobília, encaixar tudo na carrinha, ir em alegre cavaqueira até casa dela, descarregar tudo e montar os móveis. Achava eu que a minha boa acção do mês tinha sido só isso, até ter acontecido a seguinte troca de mensagens com um amigo meu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ontem vieste à terrinha e não disseste nada... </div>
<div style="text-align: justify;">
- Como é que sabes?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Vi-te à porta da casa da Márcia.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não te vi...</div>
<div style="text-align: justify;">
- Passei de carro. Estavam a descarregar qualquer coisa do carro dela. O preto fica-te bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Deixa-te de merdas. Tenho aquele casaco há anos!</div>
<div style="text-align: justify;">
- As cuecas. Vi-te as cuecas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fuck You Mini Saia!!! </div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-9570113904806039042014-02-20T21:33:00.003+00:002014-02-20T23:25:36.830+00:00Olimpíadas de Inverno e Recordes Mundiais<div style="text-align: justify;">
Quase todos os dias, partilho o elevador de manhã com um vizinho do andar de cima. Eu acho que ele fica à espera que eu saia de casa e faz isto de propósito. Ele tem um rabo bem estruturado, anda sempre de fato e pisca-me o olho enquanto diz bom dia, mas não é assim muito giro. Só que no outro dia vinha de braguilha aberta e tive vontade de meter a mão lá dentro. Isto da vida celibatária dá conta da cabeça a uma pessoa, e se antes ficava 4 horas a pensar em pilas, agora fico 4 ou cinco dias a sofrer. Até já pensei em agarrar numa chávena, subir um andar e bater numa das portas ao acaso com a desculpa que o açúcar acabou e fazer uma conversa que vi há dias num documentário sobre um canalizador que foi fazer uma reparação a casa de uma loira mamalhuda e que depois foi violado à má fila. Também há um preto que vive num dos andares acima do meu. A largura dos ombros dele provoca-me espasmos. Uma dia subimos juntos no elevador, eu saí no meu andar, ele continuou. Resumindo, eu posso ir à procura do sexy mother fucker que partilha o elevador comigo de manhã e propor-lhe sexo desesperado com uma caneca na mão para disfarçar, correndo o risco de ser um preto de ombros largos a abrir a porta. Posto isto, posso avançar para a parte importante deste texto, que é: até quando me engano, sou a maior e algo mágico acontece. Há uns meses atrás, no trabalho, tinha de escrever um relatório sobre um doente hipertenso oriundo de uma ex-colónia que tinha urgência em entregá-lo na embaixada, pelo que escrevi a coisa um bocado à pressa. Reparem no cuidado que tive agora em escrever 'oriundo de uma ex-colónia' em vez de escrever preto outra vez. Bem, voltando ao assunto, escrevi o tal relatório à pressa, mandei imprimir e qual não foi o meu espanto, quando a administrativa tira as folhas da impressora e pergunta-me histéria: "Oh porca, viste a pila ao preto?". Eu, serena como sempre, ia começar a dizer que já vi a pila de um preto, mas não foi a deste, e que isso de experimentar e depois só querer pretos não é bem assim, porque também já vi pilas de outras cores igualmente generosas, quando a histérica , lavada em lágrimas e com falta de ar, agarra num marcador rosa-choque e sublinha, na conclusão do meu relatório, o meu engano. Foi nesse dia que esteve por um fio, um preto sair daquele hospital com um relatório a dizer "hipertesão" na conclusão. Esse mesmo papel esteve pendurado até hoje por cima da impressora, qual troféu da melhor gaffe do serviço. Desde então, tenho tido cuidados redobrados cada vez que tenho de escrever a palavra hipertensão. Faço o meu trabalho, descrevo anomalias morfológicas, descrevo anomalias funcionais, descrevo coisa com nomes esquisitos, mas quando tenho de escrever a palavra hipertensão, tudo tem de andar mais devagar para garantir que não me vou enganar. Hoje, mandei imprimir umas coisas, e de repente vejo a histérica a ficar vermelha e a arfar como da outra vez. Disse-lhe logo que escusava de estar com coisas, porque eu tinha escrito tudo com atenção. Sem me responder, só a vejo arrancar sem misericórdia o épico relatório do qual acabei de vos falar, para o substituir por outro com uma frase sublinhada a rosa-choque. Com andar pesado, avancei. Por mais que me custasse, tinha de saber quem me tinha destronado. Olhei para a frase sublinhada, onde leio à primeira vista 'parâmetros funcionais dentro do normal', mas depois reparo no erro. Na verdade dizia 'funiconais'... funi... conais... com 'o'... de cona, claro está. Devagar, olho para o espaço onde consta o nome do operador. Snail da Silva. O orgulho. A sensação de me superar a mim própria é impagável.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com36tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-38151319316965017932014-02-06T12:05:00.001+00:002014-02-06T12:05:04.790+00:00Síndrome de privação do sono ou patologia da líbido.O Nuno Crato provoca-me reacções na púbis. Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-2258049439686354482014-02-03T23:24:00.000+00:002014-02-03T23:24:27.851+00:00Era uma vez uma história de amor.<div style="text-align: justify;">
Venho de uma terra onde a poesia paira no ar. As manhãs começam com o cantalorar dos passarinhos, há senhoras a ir comprar o pão em robe e chinelos de quarto, os hálitos dos homens já cheiram a bagaço e os cães vadios ainda dormem junto aos contentores do lixo. É com saudade que guardo estas imagens na minha memória, enquanto as semanas passam e eu estou longe da casa dos meus pais. Mas, com grande alegria, acaba sempre por chegar aquele fim de semana do mês em que vou fazer a visita obrigatória e abastecer-me de laranjas e limões. Com o saco de desporto ao ombro, lá saio de casa para apanhar o autocarro, e pelo caminho até à estação, lá vou reconhecendo uma cara ou outra do meu passado. "Epa, já não via este/a gajo/a há séculos...", penso eu, enquanto reconheço um buço ou um ou outro vigoroso coçar de tomates, "deixa-me lá sacar dos óculos escuros da mala e baixar a cara antes que algum deles se lembre de mim". Já na estação, na fila para o autocarro, já não são só as caras que despertam reacções na minha memória, os comportamentos também. E se há coisa que se faz bem na minha terra, é engatar. O franzir de sobrancelhas, a mão que não sai da própria genitália, o fumar com o cigarro meio esmagado de forma viril entre o indicador e o polegar, são especialmente exuberantes nos machos da minha terra. O fingir-se desentendida mas sedutora, a ajeitar o decote enquanto se espeta o salto alto sem capas nas pedras da calçada e se cai meio desamparada, porém sorridente, com as mamas escarrapachadas em cima do macho, enquanto se faz uma dissertação sobre qualquer assunto especialmente intelectual, são líricos nas fémeas lá do bairro. Pois que, este sábado, chego à estação para apanhar o autocarro e deparo-me com um destes rituais de acasalamento. Casal na casa dos vinte, cabelo com as famosas madeixas californianas que fizeram furor este verão e que não levaram nenhum retoque desde que foram feitas de um lado, fato completo de ganga lavada, com ténis brancos e anel de ouro em dois dedos de cada mão do outro. Sorri e tirei o auriculares dos ouvidos. Música para quê? A magia estava no ar. Entrámos no autocarro, éramos apenas 4 ou 5 passageiros, mas mesmo assim sentei-me no banco atrás do casal. Deus me livre de fazer esta viagem sem me presentear com o vosso romance, meus pombinhos. Ela, claramente, estava na fase de se mostrar uma mulher super-interessante, super-culta, super-viajada e super-séria. Ele comia-lhe as mamas com os olhos. Ela começou por falar de viagens. Viagens, só para destinos com cultura, arquitectura e história. Rapidamente passou para as maravilhas naturais do mundo e para as praias paradisíacas que já tinha visitado. Ele continuava a comer-lhe as mamas com os olhos. Ela começou a falar em quadros e pintores, museus e desenhos animados. Ele comia-lhe as mamas com os olhos. Ela passou a falar de vinhos, agricultura, restaurantes e hotéis. Ele sorriu. Comia-lhe as mamas com os olhos Ela sorriu de volta e perguntou se ele já tinha combinado jantar com alguém. Ele hesitou. Ela não desarmou e adiantou logo que se não desse para jantar, podiam sair depois para beber um copo. Ele hesitou mais um pouco, pousou a mão no ombro dela e, enquanto lhe comia as mamas com os olhos, disse docemente "Isso não sei, mas eu depois posso ligar-te à noite... dá para foder?". E foi isto. Até me vieram as lágrimas aos olhos. E isto acaba por ser assim em todo o lado. Com menos delicadeza no resto do mundo, é certo, mas isto é assim. E eu gostava mesmo que as pessoas soubessem que isto é assim. Sempre. Porque se as pessoas soubessem que é assim, aquele anormal que não me conhece de lado nenhum, feio como as noites de tempestade, com verdete nos dentes e glaciares de caspa na cabeça, e que do nada decidiu perseguir-me até me encontrar e encetar a primeira conversa da vida dele comigo com um "Tens um cabelo bonito" seguido de 30 convites para passear pela cidade, já tinha percebido o que eu quero dizer exactamente com os meus repetitivos "Não, não vai dar.". </div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-23419433693611890752014-01-26T12:42:00.000+00:002014-01-26T12:42:32.587+00:00Tempo de Antena<div style="text-align: justify;">
Querido diário,</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde ontem que a minha colega de trabalho anda a causar-me alguma preocupação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dei-lhe boleia para o trabalho, não porque goste dela, mas tenho um carro novo e sou um grande cagão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pelo caminho, vimos um senhor a passear o animal de estimação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desatou-me aos gritos no carro "Olha que lindos que são os tomates daquele cão!".<br />
Feita louca, esteve cinco minutos a imitar o balançar dos ditos enquanto trauteava uma canção.<br />
Só parou porque lhe dei um chapadão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante o resto da manhã, tudo o que ela dizia tinha a ver com colhão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda exemplificou, franzindo a cara, como ficam arrepiados os tomates dos homens antes da ejaculação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Diz ela que tem saudades de senti-lo com a mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Descobri que ela não anda só com falta de sexo, ela precisa mesmo é que alguém lhe dê um valente fodão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Descobri também que sou um poeta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Guilherme, colega de trabalho da Snail.</i></div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-73526264569274205982014-01-15T12:51:00.000+00:002014-01-15T12:51:19.420+00:00Snail, a educar os portugueses com subtileza desde 1978<div style="text-align: justify;">
- Oh menina! Menina! Olhe, este sítio está muito mal organizado! Um gajo vem fazer um exame, até chega mais ou menos a horas e depois perde-se porque isto não está nada sinalizado, e anda aqui ao tio ao tio a perguntar onde isto se faz e ninguém sabe responder blá blá blá.</div>
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<br /></div>
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- Bom dia, antes de mais...</div>
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<br /></div>
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- Olhe, bom dia só se for para si. Eu já estou farto de andar aqui perdido. Veja lá se me sabe dizer onde se faz o exame, que já estou atrasado e como vocês não gostam muito de trabalhar, é a função pública que temos neste país, basta um gajo chegar atrasado uma hora e já dizem que não podem fazer o exame porque têm muitas marcações e blá blá blá.</div>
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<br /></div>
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- Eu posso tentar ajudar, mas sem saber qual é o exame não consigo...</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Está aqui escrito no papel! Tenho o papel virado para si desde que estou a falar consigo. É uma eco, mas escusa de me mandar para o sítio onde fazem as ecos ao coração que já lá estive e disseram que é noutro departamento. Agora, em vez de fazerem as ecos todas no mesmo serviço, que era mais fácil para toda a gente, têm as ecos separadas como se uma fossem mais importantes que as outras!...</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<i> (Snail fofinha, suspira enquanto olha para a folha A4 que o senhor teima em abanar à sua frente) </i></div>
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<br /></div>
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- Ah! Essas ecos são feitas no piso de cima, onde se fazem as ecos às partes moles. Bom dia!</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<i>(Snail sorri e vai à sua vida. Ninguém manda o senhor ser mau para a Snail quando pede indicações para fazer um "eco peniano")</i></div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-56952774057850383012014-01-14T12:05:00.002+00:002014-01-14T12:05:27.803+00:00A diferença entre amar e não amar<div style="text-align: justify;">
Há muitos anos eu tinha namorado. Num domingo de sol, juntamente com o nosso grupo de amigos, bebemos umas cervejas a mais e ficámos ligeiramente embriagados. Estávamos de férias, algures na costa alentejana, havia mato com silvas, formigas e tabaco de enrolar. A felicidade era tanta, que eu e o meu namorado abraçámo-nos sem motivo, começamos a rodopiar devagar, até que terminámos de mãos dadas a rodar cada vez mais rápido, com as cabeças levemente inclinadas para trás e olhos fechados. Não me contive. Larguei-lhe as mãos e ele caiu de costas nas nas silvas. Eu achei giro, mas ele não. Uns meses depois acabámos. Chorei 1 dia.<br />
Há 5 anos que tenho o meu portátil. No domingo passado, chovia lá fora e eu estava a ressacar no sofá. Numa súbita vontade de vomitar pela quarta vez, levantei-me a correr e o portátil voou. A bateria deixou de carregar, desde esse momento. Pensava eu que era do cabo e, mesmo de ressaca, saí de casa para comprar um novo. Não era do cabo. Não consigo dormir, não consigo comer e ainda não consegui parar de chorar.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-55287539469946073192014-01-11T20:04:00.001+00:002014-01-11T20:04:39.007+00:00Devaneios de uma trintona solteira que já não sai à noite há muito tempo (passagem de ano não conta)Tenho vontade de beijar na boca.Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-42982774200907123302014-01-08T19:51:00.000+00:002014-01-08T19:52:21.203+00:00Quão errado é desligar uma chamada na cara do chefe?<div style="text-align: justify;">
De todo errado, dirão vocês. </div>
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Chefe é chefe e subalterno é subalterno. Se o chefe telefona ao subalterno é porque o chefe quer falar com o subalterno. E o facto de não ter nada de interessante ou pertinente a dizer, segundo os critérios do subalterno, não dá o direito ao subalterno a dar a conversa por terminada, nem sequer se invocar motivos de força maior, muito menos se desligar a chamada sem aviso. Ora, eu, que chefio algumas pessoas, por vezes estou aborrecida e ligo a um qualquer elemento dos patamares mais baixos da hierarquia profissional, apenas para ordenar que me digam que eu sou linda, para lhes perguntar o que estão a fazer ou para saber se não me querem trazer um café. Às vezes também ligo a fingir que sou dos recursos humanos a dizer que vão ser despedidos ou que foram destacados para inventariar corpos não identificados na morgue durante uma semana. Muitas vezes chamam-me atrasada mental ou desocupada, mas é com carinho. Outras vezes desligam sem dizer nada e eu volto a ligar para informar que não se desliga uma chamada na cara da chefe. Mas a minha vida não é perfeita. Eu também tenho chefes. Isso e o síndrome da juventude crónica, patologia gravíssima que se traduz clinicamente, entre outras manifestações de infantilidade, por crises sazonais de acne. Pois que hoje, quase todas as coisas erradas da minha vida se manifestaram, qual alinhamento cósmico do insólito. Acordei esta manhã cheia de sono e mau humor, e tudo piorou quando me olhei ao espelho antes do banho. Perfeita fusão entre a Diana Ross e uma estrela Bollywodesca, vi a minha cara rodeada pela minha farta cabeleira encaracolada e com uma borbulha roliça, fresca e de cor vermelho-rubi entre as sobrancelhas. Tive vontade de chorar, mas como já estava atrasada, fui tomar banho, vesti-me e saí de casa. Ainda mal tinha ligado o meu computador no trabalho, quando o meu chefe telefona para falar sobre papéis e toalhetes. Num acesso de simpatia matinal, perguntou a certa altura se eu estava 'bem dispostinha'. Cabisbaixa, respondi que estava mais ou menos.... "Acordei com uma borbulha gigante entre as sobrancelhas...", disse-lhe desanimada. Ele riu-se, simpático, e respondeu "E consegue andar...?". Nem deixei que terminasse a pergunta, respondi rápido, a explicar um detalhe importante nesta história emocionante, mas não tão emocionante como a que eu achava que ele estava a ouvir. "Entre as sobrancelhas! So-bran-ceeeeeeeeee-lhas!!!". Calmamente, respondeu-me: "Sim, querida... eu percebi onde era. Só ia perguntar se, vaidosa como eu a conheço, consegue andar assim na rua....".</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, meus queridos, às vezes está certo fingir que se ficou sem rede, que a bateria do telefone foi-se, que parte do edifício evaporou ou que se teve morte súbita e simplesmente ficar-se mudo de vergonha durante dez segundos para depois desligar a chamada ao chefe sem aviso.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-72465206964223519122014-01-05T19:53:00.001+00:002014-01-05T19:53:21.399+00:00Comunicado<div style="text-align: justify;">
Não tenho a certeza se já disse isto aqui, mas nunca é demais reforçar: a sabedoria dos nossos velhos é de uma riqueza inestimável. Muitas vezes, quando vou passar o fim de semana lá na minha casa de campo, vulgo casa dos meus pais na terra que me viu crescer, o meu pai conta a história de uma noitada nas festas de uma terra vizinha. Naquele tempo, ele conduzia uma mota Famel e não usava capacete. Conta-me esta parte para me explicar que eu levo muitas coisas dentro da mala e que, depois de beber uns copos a mais, corro o risco de perder artigos de valor. Naquele tempo, ele deixava a mota em casa e ia de autocarro ou comboio para as festas das outras terras. Conta-me esta parte para me relatar a alegria de uma noite de festa, o que inclui a ida e a volta, que no autocarro iam todos juntos e podiam rir das palhaçadas uns dos outros no regresso, coisa que não podia acontecer na Famel porque só restava lugar para mais um e isso era um grande risco, porque se o outro tivesse bebido demais podia vomitar-lhe a cabeça e ele ia sem capacete. Naquele tempo, ele comprava logo bilhete de ida e volta porque depois de beber duas cervejas já não sabia fazer contas e corria o risco de não ter como voltar para casa. Conta-me isto e acaba sempre a contar a noite em que só tinha bilhete de ida, os amigos já tinham ido embora mas ele quis ficar na festa até fechar a última tasca e, sem ninguém para lhe emprestar dinheiro nem para lhe dar boleia, acabou por adormecer encostado a uma árvore e só acordou quando um cão vadio lhe mijou nas pernas e que depois teve de fazer 5 km a pé. Depois disto, entre sorrisos saudosos e suspiros ao relembrar os seus gloriosos tempos de juventude, termina o seu discurso a explicar-me que devemos sempre sair da festa enquanto ela ainda está a ser boa, pois assim só guardamos boas recordações. "E assim deve ser tudo na vida..." - diz-me ele a enrolar as pontas do bigode grisalho -"... se já não te dá gozo, se já te faz dores de barriga, se já te faz sono, se já te faz ficar aborrecida a pensar que já foi bom, segue para outra coisa. Tudo tem o seu tempo e cada um tem o seu." </div>
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E é isso que vou fazer. </div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Por aqui, declara-se oficialmente encerrada a festa de Ano Novo.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFbJApAhyEI8gJxPRY1KuQ8QdyivOM0jLJlPUEP6frrosWN_gtGcUoiaKdHSyABC8lXZ3Q6C9Gtbj1b6qedHqgINVhel33KPSmYH1anXp5F7GTXNIxbBD4iY6RTyI_dV4hNtoUiyJskrga/s1600/DSC05407.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFbJApAhyEI8gJxPRY1KuQ8QdyivOM0jLJlPUEP6frrosWN_gtGcUoiaKdHSyABC8lXZ3Q6C9Gtbj1b6qedHqgINVhel33KPSmYH1anXp5F7GTXNIxbBD4iY6RTyI_dV4hNtoUiyJskrga/s320/DSC05407.JPG" width="320" /></a></div>
<br />Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-66807372348862711332014-01-02T01:05:00.000+00:002014-01-02T01:05:52.729+00:00Snail, a apimentar os relacionamentos dos outros desde os finais de 2013.<div style="text-align: justify;">
Este ano tive uma passagem de ano diferente. Entre emigrações e novos namoros, o grupo do costume dissipou-se em escolhas diferentes para a noite de ano novo, pelo que acabei por passá-la com uma amiga de guerras antigas. Pessoa que partilha comigo o gosto pela vida boémia, teve uns aninhos de ausência devido a uma relação séria. Relação essa, que começou numa de tantas saídas nocturnas e que terminou recentemente. Enquanto combinávamos o plano para o jantar da 'grande noite do ano', que se realizou na minha casa, ela pediu-me se podia trazer um amigo e uma amiga. Disse que sim, claro, quantos mais melhor. E qual não é o meu espanto quando os três chegam e eu reparo que o amigo é uma antiga paixão dessa minha amiga. Entre olhares subtis, percebo que há ali qualquer coisa a rolar, consigo perguntar entre dentes, ela cora e diz um tímido 'ainda não'. Fiquei feliz pela minha amiga. Eles entram, despem os casacos e de imediato faço a apresentação da casa. Assim que mostro o quarto, a minha amiga exclama com voz trémula e emocionada ''Ah!!! A tua cama! Saudades da tua cama!''. Naqueles tempo em que saíamos juntas, ainda eu morava num T0 em que aquela cama era a maior peça de mobília da minha casa, e as noites terminavam religiosamente com o pessoal todo ao monte sentado na cama a comer massa com atum e a rir até adormecermos um para cada lado. Eu rio-me com cumplicidade, mas segundos depois reparo no ar desconfiado do 'amigo'. Tento salvar a minha amiga. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Posto isto, e antes de continuar com esta linda história de amizade, vou só ressalvar alguns pontos importantes que podem facilmente identificar na breve nota introdutória do monólogo que se segue. Eu sou uma pessoa boa. Eu não me esqueço dos meus amigos. Eu aceito que eles voltem à minha vida. Eu sou generosa. Eu aceito receber pessoas novas em minha casa, só para garantir o bem estar de todos. Eu sou uma heroína. Eu dou o peito às balas para salvar as pessoas de quem gosto. A vida não é justa.</div>
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<br /></div>
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- Ela já conhece a minha cama...</div>
<div style="text-align: justify;">
Amigo continua desconfiado. </div>
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- Oh, que cara é essa? Ela está assim porque já foi muito feliz aqui...</div>
<div style="text-align: justify;">
Amigo mostra-se desconfortável.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Epá, calma! Ela esteve na minha cama, mas eu também estava!</div>
<div style="text-align: justify;">
Amigo arregala os olhos num misto de sensação de facada no peito e excitação sexual.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Epá, isto agora soou mal, não foi? Não interpretes isto mal! Eu estava na cama com ela com ela, mas também estavam mais pessoas...</div>
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Amiga puxa amigo pelo braço, faz cara de má e manda-me calar. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, a ingratidão...</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com32tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-57994314002894996832013-12-27T11:22:00.001+00:002013-12-27T11:22:52.641+00:00Teste de auto-controlo: prova superada!<div style="text-align: justify;">
Não ter um ataque de riso, nem sequer um tremelicar de voz, enquanto se chama através de um telecomunicador para uma sala de espera de uma instituição pública, por uma senhora baptizada com o nome de Pissi Bambi Titi. </div>
<div style="text-align: justify;">
Damn, eu hoje mereço uma medalha.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-36231485258014546882013-12-23T22:11:00.000+00:002013-12-23T22:11:07.541+00:00Natal dos hospitais<div align="justify">
"Linda. Tu és uma mulher linda. O cabelo e os olhos. Linda! Mas onde tu és mesmo linda é aí dentro. Tu és linda no coração."</div>
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</div>
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Entre sangue e dentes desfeitos, estas foram as últimas palavras que o homem de pernas engessadas, braços amarrados às grades da maca e nome estrangeiro me disse enquanto o maqueiro arrastava a maca para fora do gabinete. O sotaque deixou-me receosa. Receosa, mas intrigada. Entre a dicção marcada pelo excesso de fluídos orgânicos que saíam em pequenos esguichos vermelhos e que pintalgavam o lençol branco com o logotipo do hospital e a fala arrastada resultante de alguma coisinha na veia para lhe acalmar os nervos, a musicalidade da pronuncia de um qualquer país de leste era ainda evidente. Estaria eu a ser preconceituosa? Seria possível identificar a nacionalidade de um sotaque com todas aquelas condicionantes? O nome Yuri num homem de olhos azuis e roupa de servente das obras teria influenciado o meu raciocínio? Porque estava eu a pesquisar o processo de um doente para satisfazer a minha curiosidade? Efeito de quase vinte horas consecutivas de trabalho? Exacerbação de carências afetivas? O facto de ele ter dito que eu sou linda cinco vezes em trinta segundos terá despoletado em mim alguma reação libido-psicológica? Ele vinha da Rússia? Da Ucrânia? Da Roménia? Da Hungria? Fui ver. Vinha da psiquiatria.</div>
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</div>
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Um bom Natal a todos.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-90231766609447629072013-12-03T13:06:00.003+00:002013-12-03T13:10:29.518+00:00Diz que este post vai chegar aos 50 comentários (ou então fico triste)<div style="text-align: justify;">
Há umas semanas, em conversa de pausa para café, as mulheres crescidas lá do trabalho falavam disto: como é bonito ser-se independente mas sem o desatino dos 20 anos, de não fazer tudo de cabeça quente, de controlar melhor os impulsos e de viver as coisas serenamente em nossa casa. Nesse dia, chamei velhas frígidas a todas elas. Uma delas limitou-se a responder-me 'daqui a uns tempos, falamos'. E ontem à noite, estava aqui eu aborrecida e pensei: Olha, estou aqui a mamar sushi e vinho tinto feita parva e a olhar para a televisão... isto queria era que eu me passasse dos cornos e fugisse de casa e conduzisse sem destino, desse boleia a gajo lindo de morrer e com uma pila da largura do meu punho, que encostássemos num sítio qualquer e pinássemos até ser dia. Mas depois pensei: Oh filha, deixa-te mas é de coisas que já estás em pijama e fugir de casa quando se vive sozinha é assim um bocado a dar para o estúpido, para além de que tu não conduzes nem tens carro e isso de engatares gajos na carreira 731 da Carris não é boa ideia que ainda te sai um traficante de bairro ou um cliente do traficante, sendo que isto é quase indiferente porque o grau de putrefação dos dentes deve ser semelhante, e quando desses por ti estavas a pinar no campo de futebol do Olivais e Moscavide, e com o frio que está na rua ainda apanhavas uma pneumonia. Desmoralizei um pouco e considerei que o meu plano inicial era levemente megalómano, que os riscos podiam ser realmente elevados, pelo que a minha revolta ficou-se apenas por adormecer no sofá com a televisão ligada e ter acordado sobressaltada de madrugada, gelada, com o nariz a transbordar de ranho, enquanto sonhava com uma pinadela à antiga, daquelas com mamas aos saltos como quando a Bo Derek cavalgava em pelota. Foi assim que acordei no dia em que completo 35 anos. E não, não estou a ficar velha, foi aquela puta que me lançou bruxedo. Parabéns a mim. </div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com71tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-37798282183290738072013-11-25T22:58:00.001+00:002013-11-25T22:58:25.458+00:00Qualquer semelhança entre o texto seguinte e a apresentação de famílias desgraças em programas televisivos de remodelações de casas é propositada.<div style="text-align: justify;">
Olá, o meu nome é Snail. Sou uma família em nome individual e a única fonte de rendimento do meu agregado familiar sou eu. Por este motivo, cheguei a partilhar casa e despesas com uma indígena angolana, que falava com Deus e peidava-se a toda a hora sem pudor, a maior parte das vezes em simultâneo. Algumas vezes ainda a vi comer, peidar-se e falar com Deus. Passados dois anos de vida em comum, a minha indígena decidiu deixar-me, assim sem mais nem menos, argumentado que eu tinha hábitos de vida desadequados. Decidiu emigrar. Na altura não entendi, hoje vejo que foi fruto do choque e do desespero, mas iniciei um romance tórrido com um individuo do mesmo padrão cromático que a minha companheira de casa algumas semanas antes da sua anunciada partida. Não se peidava, não falava com Deus, não o vi a comer muitas vezes, mas usava sapatos feitos de pele de animais exóticos e cantava kizomba ao meu ouvido enquanto me comia por trás. Confusa, exausta e desesperada, mandei o indivíduo embora, deixei a amiga a empacotar coisas na casa antiga e mudei-me sozinha para uma nova casa. Entretanto, as amigas de infância começaram a parir desenfreadamente este ano, bem como as namoradas actuais da maioria dos meus ex-relacionamentos, e ninguém tinha tempo para mim, pelo que, em poucos dias, dei por mim absolutamente só. Refugiei-me no exercício físico, com idas frequentes ao ginásio, local onde fiz amizade com uma senhora de 50 anos que fala, fala, fala, não diz nada de jeito, mas diverte-me. Ela gostou tanto de mim que chegou a tentar fazer arranjinho entre mim e o filho solteiro dela, descrito pela própria como um puto giro e muito bem constituído, treinador de futebol de iniciados e muito divertido. Certo dia, não sei que voltas deu ela, mas acabámos por nos encontrar os três: eu, ela e um gajo de corsários brancos, havaianas e t-shirt azul bebé, que me deixou na dúvida se era portador de alguma forma de estrabismo exótico ou se tinha um olho de vidro. Lembrei-me da minha preta e com um <i>'Ai senhor, acho que estou com cólicas!'</i> dei o mote para a minha fuga estratégica. Decidi ficar uns tempos afastada do ginásio e comecei a dar umas corridas ao fim do dia para manter a forma. Castigo ou não, torci um pé, fiz uma rotura parcial de ligamentos e estou há quase duas semanas em repouso. Aborrecida de estar em casa, sozinha, sem poder treinar, a ruminar no sofá como a mãe de todas as vacas gordas, decidi passar o fim de semana na terrinha e ir visitar as minhas amigas que pariram, obrigando o meu pai a fazer de <i>chauffeur</i>. Pedi-lhe que usasse luvas brancas e vestisse um fato preto para a ocasião. Mandou-me à merda mas levou-me a todo o lado na mesma. Numa das visitas aos meus pequenos sobrinhos, fiquei a admirar os brinquedos da pequena Joquinha. As coisas lá vão mudando, mas as meninas continuam a receber pequenas versões em peluche ou borrachinha cheirosa de utensílios das mulheres crescidas. E é precisamente aqui que venho, mais uma vez, apelar ao vosso bondoso coração. Bem sei que já pedi isto várias vezes, mas pode ser que desta vez vos comova. Não sei se é do vosso conhecimento, mas o meu aniversário está próximo, bem como a época natalícia. E não é só na televisão que as boas acções ficam bem. Na vida real, também. </div>
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Mostro-vos o brinquedo que inspirou tudo isto. </div>
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Espero que vos inspire também. </div>
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Um bem-haja a todos vós.</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6YuagfSvaOLZReFTXKRvoahHUuZrLQhgKKcvc5Wl9z-25gYU2Na34a2GhRhmMLMv3cXJH8EcQ5BNAAvPDuPovtwFM4doY3hpF4eHTRhWDJvKXmr7MCFhBCJhbGswNnhDiOhw-L7DEIqVa/s1600/2013-11-16+00.40.24.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6YuagfSvaOLZReFTXKRvoahHUuZrLQhgKKcvc5Wl9z-25gYU2Na34a2GhRhmMLMv3cXJH8EcQ5BNAAvPDuPovtwFM4doY3hpF4eHTRhWDJvKXmr7MCFhBCJhbGswNnhDiOhw-L7DEIqVa/s400/2013-11-16+00.40.24.jpg" width="300" /></a></div>
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<br /></div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com40tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-17053703682947417492013-11-15T11:40:00.002+00:002013-11-15T11:40:43.958+00:00Querido diário,<div style="text-align: justify;">
Trabalhar num hospital é muito divertido. Acontecem sempre coisas diferentes e falamos com montes de pessoas novas todos os dias. A maioria das pessoas são velhas, têm poucos dentes e andam de fralda, o que é chato e cheira mal. Mas às vezes aparecem rapazes novos e com banho tomado, o que me deixa a sorrir com ar de malandra, porque fico a imaginar se cada um deles tem uma pila pequena ou grande, mas não digo nada a ninguém. As conversas com as pessoas também são interessantes. Algumas são mais tristes que outras e algumas até nem dizem nada. Estas que não falam é que me deixam a pensar muito e às vezes até vou a pensar nelas para casa, porque não consigo perceber o que têm nem o que querem. Como a senhora que saiu agora do meu gabinete, após uns longos 20 minutos sem palavras. Apenas gemidos, suspiros, movimentos repetitivos e os olhos fixos em mim. Não tive capacidade para perceber se aquilo era masturbação e eu sou linda de morrer, ou se é algum tipo muito agressivo de micose e eu tenho cara de Canesten. Vou tentar melhorar, porque parece-me que esta é uma limitação muito grande para a minha profissão. Beijinhos e até amanhã.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-19888071796493775352013-11-07T09:41:00.000+00:002013-11-07T09:41:07.194+00:00Não há fome que não dê em fartura, quem espera sempre alcança, depois da tempestade vem a bonança e outras balelas <div style="text-align: justify;">
Daqui a cinco minutos. Eu pequenina. Luz baixinha. Ele em tronco nu. </div>
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Por enquanto, apenas a requisição do exame na minha mão. Índice de massa corporal de 64. </div>
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Tenho medo. </div>
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Paz à minha alma.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-9255531741444255412013-11-06T23:48:00.002+00:002013-11-06T23:48:59.387+00:00Celebremos a efeméride<div style="text-align: justify;">
Se há coisa bonita numa amizade, é quando duas pessoas com estilos de vida e ideais diferentes atingem a harmonia do consenso. Estava hoje em conversa de hora de almoço com uma colega, estava ela a falar sobre unhas encravadas e joanetes, estava eu já a pensar na minha vida de tão enfadonha que era a lenga-lenga dela, até que de repente pensei em voz alta sem querer: 'V<i>ou deixar o preto'</i>. Ela inclinou a cabeça para o lado, pôs a mão no meu ombro e disse com voz doce: '<i>Fofinha, deves estar senil... mas tu já deixaste o preto há 3 mese</i>s...' E foi assim que acabou o meu almoço, comigo a levantar-me da mesa a deitar fogo pelos olhos, a querer explicar-lhe pela milésima vez que eu bem sei quando deixei o preto porque, por acaso, não vejo nenhuma pila desde então, mas que por mais que ela pense que eu passo a vida a pensar em pilas, quer pine quer não pine, às vezes também penso noutras coisas importantes, questões pertinente e, diria até, vitais na vida de uma mulher, mas foi só esta parte que consegui dizer: '<i>O cabelo, sua mula! Vou deixar de pintar o cabelo de preto! E são 4! Quatro! QUA-TRO-ME-SES!!!!'. </i>Vi os olhos da minha colega perderem a vida por segundos, até que ela voltou a respirar e perguntou-me quase sem voz: '<i>Mas estás há quatro meses sem pinar, é isso? Logo tu?</i>'. Triste, mas é verdade. A conversa continuou em forma de interrogatório. A pobre coitada, gorda e desmazelada, casada mas mal amada, via o seu ídolo reconhecer humildemente a época de crise que atravessa. Pergunta após pergunta quis saber os porquês, onde está o preto, os gajos das forças armadas, o da gaita, os outros que já nem se lembrava, porque não havia novos, porque não reaproveitava algum dos antigos, porque é que era sempre tão bruta quando me fartava deles, se fosse mais meiga ou menos fria, eles não se sentiriam usados e não se afastavam definitivamente. Estava incrédula com o que ouvia, tentei explicar-lhe que as coisas não são assim, que as pessoas podem ser usadas e que eu sou fria quando quero e que ao contrário do que ela pensa, nem todas as pessoas se afastam quando eu sou bruta com elas. '<i>Isso quer dizer que há alguém em mira?</i>', perguntou curiosa. Contei-lhe então a história das últimas semanas. Um amigo de um amigo meu tem andado a mandar-me mensagens. '<i>Ai que bom!</i>', exclamou entusiasmada. Não é bom, expliquei-lhe, é um gordo, careca, com pêlos nas orelhas, acne aos 30 anos e dedos pequeninos. '<i>Credo! Deus anda mesmo zangado contigo, mulher!</i>', brincou. Contei-lhe que ao terceiro dia depois de me ter conhecido ligou-me a perguntar quando é que eu o convidava para ver um filme em minha casa e se eu lhe fazia umas massagens. '<i>Diz-me que foste bruta e que o despachaste como só tu sabes fazer, Snail!</i>' Disse-lhe que tentei, mas que não resultou e que ele continua a mandar-me mensagens todos os dias. A sorte é que não sabe onde moro. '<i>Querida, por muito que a tua rata chore, com esse não, está bem? Quem sobrevive quatro meses, sobrevive cinco ou seis. Mas o que é que tu lhe disseste em relação a isso do convite? O homem não percebe que não é não?</i>'. Baixei os olhos e apenas disse '<i>Pois... pelos vistos, não...</i>'.<br />
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<span style="font-size: xx-small;"> 'Massagens?? Eu massajo-te é o caralho!!' </span></div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-63834354647947819902013-10-21T22:38:00.003+01:002013-10-21T22:38:47.274+01:00Porque isto também podia ser uma coluna de citações das estrelas numa qualquer revista da especialidade<i>"É uma tonta, essa rapariga (Snail). Oiça, diz que para além de deixar o resto (sexo) também deixou de fumar. Agora não faz nada. É o ser mais inerte do planeta."</i><br />
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O pipi da Snail.</div>
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<i>"Histórias novas para partilhar? Oh filha, vocês bem podem contar-me o que andam a fazer aí fora, mas eu agora sou como o Benfica: só me posso gabar de glórias passadas."</i><br />
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O pipi da Snail.</div>
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<i>"É quase como dizia a outra senhora, sinto-me como uma criança somali ou etíope, com fome... mas mais bonita... e sem os piolhos, as moscas, a carapinha e o cheiro a catinga... Ok, sou uma Angelina Jolie. Mas sem Brad Pitt."</i><br />
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O pipi da Snail.</div>
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<i>"Lá porque lhe cortam no ordenado, ela não tem o direito de me negar ração! Fim à fome! Fim à clausura! Fim ao boicote de quatro meses! Já!!!"</i><br />
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O pipi da Snail.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-7005730480387889732.post-60849154903113900972013-10-02T22:46:00.000+01:002013-10-02T22:46:16.529+01:00O lugar da vírgula<div style="text-align: justify;">
Há dias, apareceu-me à frente um artigo de jornal sobre o lugar da vírgula. Li com atenção, uma vez que artigos sobre vírgulas e outros aspectos pertinentes da pontuação são sempre do meu interesse e agrado. E foi também com agrado que percebi que há toda uma doutrina em redor da vírgula, havendo até locais onde as vírgulas não podem, de todo, aparecer. Talvez este tema tenha sido abordado durante os primórdios do meu percurso académico, mas... é daquelas coisas... a malta só se interessa pela escola quando ela deixa de ser obrigatória. Ou melhor, quando começamos a trabalhar e deixamos de andar na escola. Antes disso, o tempo de aulas era preenchido com actividades lúdicas, como jogos do galo ou curtes atrás do ginásio, ou tarefas extra-curriculares, como organizar jantares ou arranjar alcunhas para os colegas. Esta última tarefa, de extrema importância na organização da hierarquia e sub-grupos dentro da turma, emergia de forma exponencial quando existiam duas pessoas com o mesmo nome. E eu gostava do desafio de ter essa tarefa a meu cargo. Lembro-me das Tânias. Eram duas na minha turma, o que fazia com que, a menos que morressem ou mudassem de escola, tivéssemos um problema para resolver logo no início do ano lectivo. Ficou então estipulado oficialmente que, enquanto pertencessem as duas à mesma turma, sempre que alguém se referisse a uma das Tânias, dissesse o nome próprio da mesma seguido imediatamente do cognome 'Gorda' ou 'Muda'. Uma delas tinha problemas de peso e a outra problemas de audição, como já devem ter percebido. É certo que a obesidade é uma doença e a surdez uma limitação importante, porém distingui-las com cognomes 'loira' e 'morena' só porque tinham cores de cabelo diferentes, era sintomático de uma fraca dedicação e empenho da minha parte nesta nobre tarefa. Sei que a Tânia Gorda casou e que está ainda mais gorda e que a Tânia Muda casou com outro surdo e que tiveram um filho que ouve. Bonito, não é? A par das Tânias, e no mesmo ano lectivo, tive a tarefa dos Edsons. Já não bastava alguém chamar-se Edson, ainda por cima tinham de ser dois. Um deles chama-se Edson Horácio. Tive de dar a mão à palmatória: nunca na vida eu conseguiria arranjar uma alcunha melhor que o nome de baptismo deste jovem. Reconhecer as nossas limitações também é uma virtude, e Edson Horácio assim ficou. Estive muitos anos sem o ver, mas, curiosamente, soube há pouco tempo que se casou com uma modelo polaca e que emigrou. O outro Edson ficou o 'Edson da Vírgula'. Se era bom em Português, não faço ideia. Nem faço ideia o que será daquele rapaz hoje. Aliás, nem nunca soube nada acerca dele. Nem me lembro de alguma vez termos tido algum tipo de conversa. Ele não gostava de mim. Só me lembro que ele tinha uma cárie do tamanho de um grão de milho num canino, cárie essa, que lhe moldava o dente em forma de vírgula. E Edson da Vírgula ficou. E agora pensam vocês: olha que giro, por causa de um artigos sobre onde devem estar as vírgulas, ela lembrou-se de um rapaz a quem deu a alcunha de Edson da Vírgula e que, curiosamente, é o único a quem perdeu o paradeiro ao fim destes anos. E agora penso eu: isto de me lembrar de pessoas que nunca gostaram de mim e de escrever mais de 10 linhas em sua homenagem só pode ser falta de sexo.</div>
Snailhttp://www.blogger.com/profile/09611657426701258592noreply@blogger.com27