quarta-feira, 3 de abril de 2013

Num futuro muito próximo

A preta hoje chegou mais tarde a casa. Não, não estava com saudades dela. Nem preocupada. Estava apenas sozinha em casa. Agora estou sozinha na sala. É como um círculo que se aperta. Já sinto coisas a mexer na barriga. Ela está a acabar o jantar. Virá para a sala, de prato na mão e vai comer calada. Pelo menos, assim espero. Já liguei a televisão para fazer barulho. E vou fingir que estou ocupadíssima a trabalhar em qualquer coisa importantíssima e nem vou olhar para ela. A dada altura ela vai olhar para mim irritada. Vou fingir que não reparo, porque estou concentradíssima a fingir que estou empenhadíssima num trabalho para amanhã. Ela vai perguntar o que foi aquilo. Vou perguntar 'o quê?' como se não tivesse ouvido à primeira. Eu vou tremer. Agora que isto começou, já não consigo parar. Ela vai repetir a pergunta. Vou dizer que é trovoada. Ela vai dizer que não está a chover. Vou dizer que eu também não disse que estava a chover. Espero que não pergunte o que jantei. Só consigo mentir uma vez por hora. Sopa de feijão e carne com feijão. 

44 comentários:

  1. Se eu não te conhecesse (e não te conheço!) era capaz de dizer que tinhas nascido numa terrinha chamada Praga e te chamavas Franzina Snail Kafka :)

    Kafkiana a tua vida, my dear...

    Boa noite, Snail :)

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  2. Sou só eu que acho que uma ladie não se peida alarvemente ??

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    1. Daí o meu sofrimento. E já disse que era trovoada!

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  3. As ladies peidam-se como têm de se peidar, estamos em liberdade! LI-BER-DA-DE.

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  4. Já chega quando está tudo calado no escritório e a nossa barriga não pára de fazer barulhos pá...

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  5. e... sopa de feijão e carne com feijão? a sério snail? lol

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  6. Eu trabalho num open space. À minha volta, à distância de ouvido, tenho perto de 20 pessoas. Sou muitas vezes atacado por vontades súbitas de largar um "trovão", como a ti te acontece.

    Por norma, aguento o suficiente para ir à casa de banho (ainda são uns 30 metros pá...) ou consigo controlar-me para ele não se soltar. Mas há alturas em que sou apanhado desprevenido... Aí olha... Como estou sempre de fones, faço de conta que não é nada comigo! É que nem sei se os meus colegas ouviram. Prefiro não olhar para o lado, senão coro que nem um pimentão e aí é que o pessoal fica a pensar (ainda mais) mal de mim...

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    1. Só para que conste, a hora a que respondi não foi a hora a que li o post pela primeira vez. Foi a hora a que li o post pela terceira (ou quarta) vez... E ainda agora estou a sorrir, depois de a ler uma quinta! Tu és um espectáculo a escrever, miúda!

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    2. Um dia, quando for grande e souber escrever coisas como deve ser, vou fazer um ensaio (gosto do termo 'ensaio') com o título "O peido - o maior tabu da humaninadade".

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    3. *humanidade (juro que continuo sóbria)

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    4. Isso é amanhã! Hoje não. Águinha!

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    5. Por falar em gin, quanto custa uma garrada de Hendricks, L?

      R.

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    6. Garrada??? Olha outro que já vai a caminho da segunda... :p

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    7. Ahahah é brincadeira pra 30€. Vais-me oferecer uma?

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    8. Só para ver quanto estou a poupar comprando-as em Madrid.

      R.

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    9. Madrid? Odeio-te. Poupas muito?

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    10. 5 euros por garrafa. Ainda fico cá mais uns meses, pode ser que baixem de preço entretanto.

      R.

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    11. Consegues sentir o meu ódio aí?

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    12. Ainda não chegou. Sempre são 600 km. Talvez se te disser que estou aqui desde Maio do ano passado acelere as coisas. Isto depois de ter vindo da Alemanha.

      R.

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  7. R.
    Pá. Inveja! E vontade de fazer o mesmo.

    Snail.
    Pá. Medo!

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    1. Da minha capacidade de odiar ou da minha capacidade de me peidar? Agora fiquei confusa...

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    2. Acho que o mundo deve ter medo dos peidos, mesmo.

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    3. Os da L devem ser objecto de temor/admiração.

      R.

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    4. Não me ocorre mais nada.

      R.

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    5. Isso é porque não me conheces.

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    6. Ainda bem que estou a 600 km.

      R.

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    7. A pensar se daqui a um mês estará tempo para um mergulho na piscina.

      R.

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    8. Tu tens aí uma piscina? Tua?

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    9. Sim. E não, não estou a brincar.

      R.

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