quinta-feira, 18 de abril de 2013

No consultório

Olhe Doutor, eu não ando bem. E escusa já de fazer aquela cara que os homens fazem quando uma mulher diz que não anda bem, tipo enjoo repentino, enquanto pensa 'Olha, mais uma que não sabe porquê, mas que não anda bem...', porque eu não ando mesmo bem. Só não consigo perceber é o porquê! Isto é assim, imagine lá o disparate, como se uma pessoa deixasse de achar piada ao sexo. Eu sempre gostei da adrenalina de fazer coisas em locais menos próprios. Sexo também e continuo a gostar muito, graças a Deus, mas as cagadas fora de casa já não são a mesma coisa. Um centro comercial, um festival de verão... o ritual de me proteger de bichos alheios, de não fazer barulho, de não deixar marcas visíveis... de o fazer o mais rápido possível, de não deixar pessoas à espera nem que percebam o que estive a fazer ali fechada... a gota de suor a escorrer na testa, o vestir-me aliviada... Isso mexia comigo. Agora já não. Hoje foi no ginásio. Mulheres a tomarem banho, outras a equiparem-se e eu pumba, toma lá uma bomba que é de graça... mas foi assim... não foi cagar, foi mesmo só deixá-lo cair... sem fogo. Era quase como se estivesse em casa. Sem magia e sem pecado. Uma cagada como outra qualquer. Acho que é como aquele mito dos suecos serem tão felizes, terem tudo, ao ponto de a vida já não ter graça e de parecer que não há nada que os estimule a continuar e depois desatarem todos a suicidarem-se no outono, sabe? É este vazio que me consome. Acho que isto começou desde que me chateei com o meu chefe, roubei-lhe as chaves do seu WC privado e fui lá à socapa arrear uma poia tão grande que dava para garantir os postos de trabalho de uma ETAR inteira durante seis meses. Fazê-lo à pressa, limpar vestígios físicos, sair orgulhosa com a câmara de gás que deixei lá dentro. Foi tão bom. E a cara dele, quando lá foi minutos depois, a sair meio amarelo meio verde, sem perceber se seriam os esgotos que estavam entupidos ou se era ele que estava a morrer por dentro...Até fico comovida só de pensar nisso. Coisas destas só se fazem uma vez na vida, é isso? Sinto que não há mais nada épico que eu possa fazer com a minha merda, percebe? Ando triste. 

30 comentários:

  1. O outro post era enorme, a ver se leio este...

    :P

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    1. Foda-se, tu não bates nada bem... mas escreves de forma fantástica! Continuo a gostar de te ler!!

      Bjo*

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    2. Era nada enorme.... E tu não cagas, queres ver?

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    3. Eu consigo defecar suavemente, pequenas brisas do meu Ser!

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    4. Gosto mais de lançar torpedos. Manias...

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  2. Com este teu post, passei a acreditar na reencarnação. Obrigado, Snail!. Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage reencarnou e está no meio de nós. Num Terceiro Andar!
    Aleluia. :)

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  3. Só tu para me fazeres rir num dia como o de hoje! Obrigada!

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  4. Sinto-me obrigada a concordar com O Mesmo Gajo: tu cagas mesmo bem!...Uppss, desculpa...escreves!!

    (Bolas...e pensar que tornei-me tua fã mesmo antes de te conhecer!)

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    1. Podes sempre pagar-me um almoço num desses restaurantes que frequentas ;)

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  5. É que és de uma eloquência... espetacular! Sim, as rainhas, princesas, celebridades e afins também fazem o seu cocó! ;)

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    1. E garanto que o meu é mais bonito que o delas.

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    2. O teu tem gosma! Snail...gosma... ah...mente porca a minha! Que orgulho!

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  6. E nunca um "texto de merda" me soube tão bem ler! Continua assim menina! E essa do chefe...like a boss!!! Respect!

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    1. Não pago mais por puxar o autoclismo duas vezes, pois não?

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    2. Se não entupiu a sanita, então não é poia de respeito.

      R.

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    3. Eu sou uma mulher pequenina. Tens de ter isso em consideração!

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    4. Corrijo então a minha posição. És uma defecadora de respeito.

      R.

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  8. Ninguém é solidário com o gajo!!! Ou é uma chefe? Olha, que merda...

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    1. Tu não te metas com merdas que eu cago para ti! (previsível, mas encaixou bem :p)

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  9. Os teus textos são tudo menos textos de caca :)

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  10. mas que conversa de merda...gostei :P

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  11. Não te apoquentes, caga que isso passa ;)

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