Tudo começou no dia em que chamei queijada a uma tarte. Do outro lado da caixa registadora, uma foca inchada com uma boca cheia de dentes podres e meia dúzia de cabelos oleosos, informava-me em tom altivo que as tartes são tartes e que se queira comer uma tarte que pedisse uma tarte. Após uma noite e meio dia de trabalho, fiquei meio atordoada com a resposta torcida da charroca mal fodida, pelo que pedi desculpa às tartes, queijadas e todas as coisas redondas do planeta pela ofensa e que era escusado a mocinha ficar aborrecida comigo por causa de uma equívoco tão pequeno. A foca careca, ainda sedenta de armar confusão, atira do outro lado da caixa que não são as batas brancas que dão inteligência às pessoas e que ela, mesmo sem bata, se sente no direito de ficar aborrecida com os erros parvos dos outros. Oi oi oi oi alto lá! Então mas esta pindérica acordou com vontade de me foder o juízo? Oh filha, o tamanho da tua peida também me parece errado e não é por causa disso que te vou falar dessa maneira, por isso dá-me mas é a merda da queijada ou da tarte ou lá que tu lhe quiseres chamar e não me moas mais a cabeça! Pronto. Isto era o que eu devia ter respondido. Mas ela é muito grande e, se eu a irritasse mais, ela começava a falar com mais força e o cheiro a cárie ainda vinha para o meu lado do balcão e depois a merda do bolo caía-me mal. E foi assim que comecei a ruminar um dos meus mais antigos ódios de estimação, estávamos no bonito ano de 2009. A partir daí foi o fortalecer de uma relação platónica, parca em palavras, mas cheia de emoções e sentimentos incontroláveis. Várias vezes fizemos o nosso jogo favorito: "são dois cafés - são 90 cêntimos - estica a nota de 20 - dá troco em moedas - provoca fila de 10 pessoas para conferir o troco - bufa que nem uma porca - sorri, conta moedas devagar, deixa cair duas ou três e volta a contar do início". Isto é bonito, senhores. Bonito também, é a ursa cair nisto vezes sem conta. E várias outras situações bonitas e amorosas como esta foram acontecendo ao longo destes anos, até que chegamos à semana passada. Lá fui eu ao café do costume e a morsa com bigodes e sem cabelo já não estava atrás da caixa, mas sim atrás do balcão a tirar cafés. Não aguentei e tive de lhe dar os parabéns: 'Então? Fomos despromovidas?'. Ela respondeu amorosa, quase em surdina: 'Olha, vai para o caralho'. Também em surdina, respondi: 'Não preciso, sabes? O caralho vem até mim... Mas tu é melhor ires, ou então és capaz de morrer sem conhecer nenhum...'. Não respondeu. Eu já estava a terminar o meu café e preparava-se para sair vitoriosa. Estava quase a sair, quando ela rematou: 'Pensa duas vezes antes de voltares aqui para beber café ou para comer seja o que for. Eu agora toco no que tu comes...', enquanto fez o som estridente de quem puxa uma escarreta bem das entranhas da árvore brônquica. Nada mais há a dizer. A porca ganhou. E eu deixei de beber café no trabalho.
Que saudades eu tinha deste teu registo, rapariga!!! Mas olha, ela foi tua amiga ao avisar-te :)
ResponderEliminarTrinta horas de trabalho em dois dias inspiram-me. :)
EliminarAmiga? E como vou viver sem café?
Voltei, voltei de lá. Ainda agora est...esquece.
ResponderEliminarEssa badalhoca é uma vaca. E vice-versa.
Entretanto, eu queria mesmo saber como ficou a questão da pila chamuscada.
E sou uma vaca. Ela é uma foca.
EliminarA pila queimou-se. As cinzas foram com o vento. Paz à sua alma.
Não me sinto capaz de continuar sem saber se chegaste ou não a consumar o acto.
EliminarEntretanto, grandíssimo relato sobre a vaca da foca.
Se tu és uma vaca, há-de haver muita gente a querer ser boi.
Andas desatento.
EliminarE se a minha fosse passada numa vacaria, preferia ficar com os toiros, sim?
Estive um mês e pouco "fora" da blogosfera, completamente. Pedi aqui uma revisão da matéria dada, mas já vi que nada feito.
EliminarE soubesse eu responder assim :) teach me master!!!!
ResponderEliminarMemoriza, que eu não duro sempre.
EliminarAdoro estas histórias de amor.
ResponderEliminarR.
Uma amor incondicional. Daqueles que já não se fazem.
EliminarEsse diálogo é épico!! Liiindo...
ResponderEliminarNão me digas que não há máquinas de café por aí?
Sacas um café da máquina e vais lá dizer mais umas coisas bonitas :)
Os da máquina sabem a água de lavar chávenas... :(
EliminarVais ter de te habituar...pq os outros cafés vão passar a saber a algo mais desagradável :P
EliminarPodes sempre encomendar comprimidos de cafeína pela net...
Ou sair 5 minutos mais cedo de casa e passar pelo pastelaria aqui da rua...
EliminarÉs muito fina, a anunciar aos sete ventos que tens caralho a rodos... Depois diz que te tratam mal. Deixa. Menos dinheiro que gastas!
ResponderEliminarEu disse caralho, não disse caralhos!!! Exagerada!!!
EliminarEPIC! :D
ResponderEliminarComeço a apaixonar-me por ti a pouco e pouco! :D
Também não vale a pena apaixonares-te muito que eu só tenho metro e meio. :)
EliminarIsso só quer dizer que mais depressa fico apaixonado.
EliminarMas parece-me que esse teu metro e meio vale mais do que certas meninas de metro e setenta para cima.. :)
És um fofo.
EliminarNão te envolvas em confusões com a matrafona. Tens mais dentes a perder do que ela!
ResponderEliminarJá te disse que és uma das mulheres mais inteligentes da blogosfera?
EliminarTens a mania que és inteligente, tu! Só porque usas uma bata branca....
ResponderEliminarBahhhh
E sou! Com ou sem bata.
EliminarSem bata deves ser mais.
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