Apesar de ser uma das mulheres mais atípicas do planeta, daquelas que toma banho antes de ir para o ginásio mas sai do ginásio sem tomar banho, daquelas que prefere comer uma pratada de túbaros ou patas de galinha em vez de marisco (é preciso explicar que os percebes me fazem lembrar mini-pilas cadáveres e isso mete-me nojo?), daquelas prefere jantar uma sandes de sardinha em lata com manteiga e cebola a uma feijoada de choco, há coisas em mim que acontecem em cadeia e de uma forma tão natural, apesar de insólita, que chega a ser bonita. Coisas estranhas, é certo, mas capazes de fazer chorar de emoção qualquer poeta ou cantautor da nova geração. Como acontece quando alguém se apresenta com o nome próprio e o apelido, sendo este último Carvalho, Ramalho ou Fialho. Na minha cabeça surge logo uma rima, como 'João Carvalho, feio como o caralho' ou 'Pedro Fialho, mostra-me o caralho'. Nunca surgiu uma rima com orvalho ou pirralho, mas certamente haverá uma explicação científica para o facto. Outra situação que desencadeia uma reacção orgânica em mim, sucede quando tenho uma comichão num sítio não susceptível de ser coçado em público, como as zonas mais internas do entre-pernas. A reacção espontânea começa com o cantarolar de uma qualquer música parola, seguida de uma súbita vontade de dançar com movimentos caóticos de pernas. Curiosamente, e lanço aqui uma ideia de génio para um futuro estudo experimental na área, esta reacção só se dá quando estou acompanhada, caso contrário coço-me. Uma outra reacção irracional e reflexa do meu corpo é cagar todo o conteúdo do meu sistema digestivo, em estado líquido-pastoso, no dia seguinte a comer metade de um bolo com cobertura de chocolate ainda quente. O meu corpo é assim, tem um gozo especial em pôr-me a cagar quando estou a trabalhar. Quando estou a trabalhar, ou quando estou num sítio sem WC disponível, ou quando estou a meio de algum processo que impossibilita de todo o manuseamento de material com as mãos e/ou uma paragem para defecar. Curiosamente, trabalhei o dia todo e nada. Curiosamente fui ao super-mercado e nada. Curiosamente vim para casa a pé e carregada de sacos e nada. Curiosamente, comi mais bolo e nada. Curiosamente, pintei o cabelo, com a respectiva meia hora de espera, e nada. Mas acabei de pintar as unhas e.... Foda-se!!!
O Guiness devia ter os olhos postos em mim.
Há 43 minutos a aguentar a caganeira para não estragar as unhas.