domingo, 31 de março de 2013

Tempo de antena

Não te conhecia como caçador. Imaginava-te mais como aqueles gajos inofensivos que ficava só a ver as andorinhas chegar e depois ir embora. Mas isto da humidade severa desta primavera e tu já farto de limpar os canos e puxar o lustro à pressão de ar sozinho em casa com os chumbinhos já a pesar dentro das calças... entendo... calos nas mãos e essa dificuldade em andar... não deve ser fácil. Mas sabes, andares para aí aos tiros aos patos, pardais, borboletas, mosquitos, papagaios de papel, aviões de longo curso, gaivotas em terra, taínhas que saltitam no rio, sacos de papel ou qualquer outro objecto que passe a voar à tua frente à espera que algum deles te caia em cima, afugenta a caça de luxo. Não é que eu prime pela esquisitice, mas prefiro profissionais com mira apurada e objectivos bem delineados.

Atenciosamente, 
o Cisne.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sabedoria popular

Dá-me piada, aquelas pessoas que usam ditados populares para arrumar uma conversa. Esses pedaços de sabedoria secular usados ao desbarato por pessoas com pouco poder de imaginação, depois de acabados os argumentos, tendo razão na discussão ou não. Por isso, mas também por ser uma pessoa sábia, uso os meu próprios provérbios e ditados. Há tempos, discutia com o meu preto de estimação porque ele queria sair e beber copos e eu já tinha planeado algo mais importante para o meu serão. Dizia ele, que não podia haver coisa que pudesse sobrepor-se em importância a uma saída de amigos, à antiga, tal como fizemos há 7 dias, para beber até cair e adormecer no táxi a caminho de casa. Continuei a argumentar que já tinha planos e não ia dar. Ele continuou a puxar dos seus galões, que não havia melhor companhia para beber e dançar que ele, que não poderia haver motivo maior para eu querer ficar em casa, que com estes argumentos eu não podia recusar. Limitei-me a responder que 'contra sexo não há argumentos'. Ele chamou-me porca e desistiu. Outra situação em que a minha capacidade de criar frases para a posteridade brilhou, foi quando disse à preta que ia sair para terminar uma pseudo-relação que já me aborrecia. Disse eu, antes de sair: 'Vou só falar com ele, daqui a uma hora estou em casa'. Voltei na manhã seguinte. Disse ela em tom de gozo: 'Esse tempo todo para uma conversa? Acabaram ou não?'. Respondi que sim, que tínhamos acabado. Perguntou ela, se foi preciso a noite toda para terminar uma relação. Respondi seriamente 'Foda adiada nunca mais é recuperada.'. Chamou-me porca e deu a conversa por terminada. Assim como estou aqui hoje a gabar-me desta minha louvável capacidade de criar frases míticas para a história da humanidade, também há dias o estava a fazer junto de umas colegas de trabalho. Tentaram deitar a minha moral aos porcos. Diziam, as infelizes, que só invento frases relativas a sexo. Diziam, as invejosas, que a minha sabedoria fica-se por aí porque não sei mais nada da vida. De facto, não consegui argumentar e deixei-as ganhar uma vez uma disputa. E fiz bem, porque minutos depois já todas falavam sobre o cansaço e os filhos e a casa e os maridos que são chatos e querem pinar. Perguntei espantada 'vocês têm um homem na vossa cama todos os dias com o qual não pinam?'. Todas disseram que sim. Algumas disseram que se esforçam por fazê-lo uma vez por semana. Perguntei, agora preocupada 'Mas vocês não têm vontade de pinar?'. Todas responderam que não. Algumas disseram que se já se deitam tarde e estão cansadas e às vezes a dor de costas não ajuda. Apenas desabafei 'Dá Deus pilas a quem não tem tesão.'. Uma delas respondeu-me, que lá estava eu outra vez, que se soubesse o que elas sabem não pensava só em sexo e pilas, para além de que já tinha idade para saber que aquele provérbio já existe e não mete pilas no meio, mas sim nozes e dentes. Limitei-me a dizer que as especialidades foram inventadas porque há pessoas especialistas em áreas diferentes e que com a idade dela também já devia saber que meter dentes e pilas ao barulho não é boa ideia e que por não saber isso é que ela ainda pensa em nozes. Não sei se ganhei a discussão, mas acho que ganhei uma inimiga.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Regresso do Sócrates

Hoje, o moreno bandido com barba voltou a aparecer. E trocou duas frases comigo. E uma mão no meu ombro. 

- Olá, saudades minhas? (sorriso com lábios carnudos rodeados de barba preta)

- Claro que sim... (sorriso parvo com olhar de 'come-me aqui e agora, por favor')

- Não gosto de pessoas que tenham saudades minhas. (sorriso malvado de bom, virou costas e não mais voltou)


Oh God! Quero.


Quanto ao Sócrates, não faço ideia. Não lhe dou audiências.

terça-feira, 26 de março de 2013

E eu a pensar que era o pepino

A hora da refeição é uma hora sagrada. Assim como a hora da cagada também o é. Lembro-me de, há muitos anos atrás, ficar a fazer palavras cruzadas até vir o tampo da sanita colado ao rabo quando me levantava. Bons tempos... Depois cresci. As prioridades mudaram. Os gostos e os hábitos também. As palavras cruzadas deixaram de ter graça. As sopas de letras também. Depois veio a fase de resolver sudokus, mas rapidamente me passou a aborrecer. O tampo da sanita, esse, tem-se mantido sempre um fiel companheiro nestas jornadas diárias. Atingida a maturidade, passei a dedicar-me às leituras. Hoje, entro apertada, de cigarro no canto da boca e de revista debaixo do braço. Todos os dias. Passados minutos, saio aliviada, com a marca do tampo da sanita estampado no rabo e mais culta. Muito mais culta. Muitas vezes, até surpreendida. Tal como há pouco, quando descobri que o vinho destronou o pepino.



domingo, 24 de março de 2013

Magia à hora de jantar

Regra geral, sou uma pessoa discreta. Mesmo quando partilho o espaço com alguma figura pública, em que as pessoas mais pobres de espírito murmuram, riem baixinho, apontam e comentam, eu olho de lado e finjo não saber de quem se trata. E a maior parte das vezes não sei mesmo de quem se trata. No entanto, e aqui me confesso, por duas ocasiões o entusiasmo apoderou-se de mim. Ou porque reconheci a figura pública em questão sem precisar que alguém murmurasse, apontasse e risse, ou porque estava perdida de bêbeda, mas o que é certo é que dei uma chapada na Merche Romero porque a achei gira e dei uma chapada num outro rapaz conhecido porque o achei giro. Desse não me lembro do nome, primeiro porque o grau de alcoolemia dessa noite não permitiu que a minha memória registasse esse momento e depois porque esta história já me foi contada por várias pessoas, tendo como vítima um Diogo Vilela, um Paulo Vilela e um Paulo Rocha. Talvez por ser assim, meio instável a nível comportamental, me faça rodear de pessoas humildes, a quem posso dar chapadas e chamar nomes quando bem me apetece sem correr o risco de aparecer na Caras com o título de fã enlouquecida e descontrolada. E, talvez, também por ser boa pessoa, já que os humildes também precisam de ter amigos. Por tudo isto, ontem fui jantar com a Sheila, a minha cabeleireira brasileira. Normalmente, para aparições em público, sou mais selecta e rigorosa na escolha da companhia, mas, para raras excepções como jantares, copos e vadiagem, sou uma fácil. Então lá fomos as duas, mais duas amigas suas, a um restaurante conceituado da capital, até que uma delas diz que lá ao fundo estava a Duquesa do Cadaval, apontando e rindo, mas falando em voz alta. Todas nos virámos nessa direcção. Vi uma senhora meio zarolha, gorda e velha. Não a reconheci de revista nenhuma, mas comentei o olho torto. Uma das amigas de Sheila ainda corrigiu para Duquesa de Palmela. Continuei sem a reconhecer de lado nenhum, mas não me preocupei com isso. Sheila, essa, é que parecia perturbada e a Duquesa não sei de onde já se mostrava incomodada com as risadas do grupo. Sheila perguntava como a amiga reconhecia a figura. A amiga dizia que era das revista cor de rosa e porque a Duquesa fazia compras na Zara. Sheila, provavelmente a pensar que fazíamos pouco dela, perguntou alto como 'aquela mulher' podia fazer compras na Zara enquanto a Duquesa parecia cada vez mais desconfortável com o nosso comportamento. Sheila continuava a fazer perguntas, confusa e histérica, até que aponta para o canto da sala onde estava a Duquesa, mas para o quadro que estava pendurado na parede por cima dela. Pensava que falávamos da senhora da fotografia, provavelmente uma Duquesa a sério, tirada para aí em 1893. A Sheila é um doce. Achei que ontem não era preciso bater-lhe. A Duquesa (Cadaval ou Palmela, não se chegou a consenso em relação a isto) poderia fazer isso por mim. Vontade não lhe faltava.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Profilaxia da gripe sazonal

Quão errado (atenção ao detalhe de requinte na introdução deste post) é uma pessoa querer tão avidamente (outro detalhe de classe) comentar o blog da sua flatmate, que por sua vez tem os comentários bloqueados a anónimos, ao ponto de alterar as definições da sua conta de e-mail, esquecendo-se desse facto passados uns dias e tendo acabado por enviar mails de trabalho para a sua entidade patronal com o nome de Popota Preta? Vou expulsá-la de casa. Temo que a burrice seja contagiosa.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Força de vontade

Há dois factores importantes para se deixar um vício: força de vontade e inteligência. É preciso força de vontade para se tomar a decisão e inteligência na manutenção dessa decisão. Como quando se pensa em deixar de fumar. Eu deixei de fumar várias vezes. Nunca resultava. Porque me faltava a união dos dois factores. Até que um dia, ao acordar, hora das teorias mágicas, decidi deixar mesmo de fumar. Cheguei ao trabalho e disse a toda a gente: 'a partir de amanhã, dia 21 de Março, deixo de fumar'. Ninguém acreditou, mas a verdade é que, desde então, nunca mais ninguém naquele hospital me viu de cigarro na boca. Estávamos em 2010. Como, perguntam vocês? Com força de vontade. E onde entra a parte da inteligência, perguntam vocês? A parte da inteligência é ter a arte de fumar às escondidas e manter as aparências há 3 anos. E, assim como acontece com o tabaco, acontece com o resto. Snail é miúda de gostos recatados, não come bolos nem fritos e não fuma, acreditam eles. Snail gosta de beber, mas é só aos sábados à noite, dizem inocentemente. Snail guarda-se para o homem perfeito, o príncipe encantado, proclamam eles com lágrimas de emoção. Snail, a viciada em pilas, é a parte que lhes escapa. Como? Com a inteligência e a força de vontade de não me lambuzar com ninguém que partilhe a mesma entidade patronal que eu. E tudo tem corrido bem, Snail ali não dá bola a ninguém. Inteligente e metódica, força-se a encontrar um defeito em cada homem que se cruze com ela nos corredores. Tudo em nome da missão. Defeitos como 'não é moreno', 'não tem barba', 'veste-se à beto', 'tem barriga', 'é gay'... Todos eles, até hoje, tinham pelo menos um destes defeitos. Até esta semana. Até aparecer o moreno com barba, sem barriga, com estilo meio desportivo meio bad boy. Até aparecer esse homem que tresanda a sexo à bruta e que me olha nos olhos e põe mãos nas minhas costas, cintura e ombros quando fala comigo. Até aparecer esse homem de voz grossa que entra no meu gabinete, apaga a luz e diz 'agora ensine-me como se faz'. Até aparecer esse demónio que me está a fazer perder a inteligência, perder a força e ganhar vontade de fazer coisas más. Tenho medo de pecar. Vou para a cama rezar.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Justificação de faltas

Andei cheia de trabalho. Andei a pinar três dias seguidos como uma cadela com o cio. Comi uma coisa estragada, que até me estava a saber bem na altura, mas que horas depois ofereceu-me a maior diarreia em jacto de que há memória. Todos este motivos são, de facto, acontecimentos recorrentes da minha vida. Mas curiosamente, não aconteceu nada disto. Há uns dias, à saída do trabalho, vi o carro do homem da minha vida. Não sei quem é, mas homem que tem uma tanga de renda branca pendurada no espelho retrovisor do carro, como um religioso pendura um terço, tem de ser o homem da minha vida. Ou não fosse, claramente, um verdadeiro devoto dessa grande religião que é o sexo à bruta dentro de um carro. Cheguei a casa transtornada e, coincidência ou não, quatro horas depois estava a trocar mensagens com o homem da minha vida que não gosta de mim. Contava-lhe isto em tom de brincadeira e tive como resposta 'tu não queres um homem desses, esses não prestam'. Fiquei sem perceber se a tradução disto seria 'tu não queres um homem desses, tu queres-me é a mim' ou 'tu não queres um homem desses e eu sou assim', mas como também já ouvi dizer que os homens dizem exactamente o que querem dizer, fiquei a perceber menos ainda. O tormento foi tanto que, dois dias depois, acordei com uma dor nas costas que me limitava o movimento do pescoço e dos braços. Dona de uma capacidade invulgar de ver as coisas sempre pelo lado positivo, levantei-me da cama e disse para mim mesma 'mais vale acordar com uma dor grande nas costas do que com uma pila pequena na cama'. Horas depois uma colega de trabalho sugeria que a cura para a minha situação seria uma bela foda. Efeitos secundários das minhas teorias matinais ou da dose industrial de anti-inflamatórios que circulava no meu sangue, mas fiquei com medo de pinar até ao fim do mês. Entenda-se por fim do mês, o dia em que o estado me paga e que, curiosamente, este mês calha no dia da árvore, esse ser vivo de grande porte e sempre erguido em direcção ao céu. Entretanto, estive estes dias todos em retiro espiritual, na procura das conclusões a retirar de tudo isto. Não consegui nenhumas. E preciso de respostas.

sábado, 16 de março de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

DIÁRIO DA REPÚBLICA - I SÉRIE-A - Nº45 15-03-2013


Decreto-Lei nº 57/13

Como decorre do Decreto-Lei nº56/13, a protecção da saúde constitui um direito dos indivíduos e da comunidade, que se efectiva pela responsabilidade conjunta dos cidadãos, pelo que jantares fora devem ser evitados nas vésperas de dias úteis.

Artigo 1.º

Os cidadãos têm o dever de não aliciar Snail para jantar fora nos dias supracitados, bem como de não propor a ingestão de bebidas alcoólicas nem a passagem por bares após a refeição. A violação do disposto neste artigo é considerada crime e está previsto no Código Penal.

Artigo 2.º

Caso o artigo 1.º não seja respeitado, os colegas de trabalho da Snail têm o dever de:
a) não deixar Snail iniciar a actividade laboral; 
b) providenciar um jovem moreno, musculado e com barba que a leve a casa, ao colo, deixando-a na cama e em pijama; caso Snail adormeça pelo caminho, este deve fazê-lo sem a produção de qualquer som, fechar as janelas para evitar a entrada da luz, bem como deixar uma lanche composto por croissants do dia com queijo fresco de cabra e fruta da época junto à sua cama; caso Snail se mantenha acordada até casa, este deve fazer tudo o que Snail lhe pedir;
c) nomear alguém responsável para picar o ponto de Snail na sua hora de saída habitual.
A violação do disposto neste artigo é considerada crime e está previsto no Código Penal.

Artigo 3.º

Caso os artigos 1.º e 2.º não sejam respeitados, Snail deve ser poupada de tarefas de elevado esforço intelectual, tais como mexer duas mãos em simultâneo, andar, falar e fazer contas de somar, o almoço deve ser-lhe dado à boca e deve ser constituída uma equipa de urgência para lhe massajar as costas. Tarefas de chefia ou formação, como supervisionar engenheiros e informáticos ou ensinar estagiários, devem ser adiadas para o dia útil seguinte. A violação do disposto neste artigo é considerada crime e está previsto no Código Penal.

Artigo 4.º

Caso os artigos 1.º, 2.º e 3.º não sejam respeitados, após as 16 horas, os cidadãos não devem tentar entrar em contacto telefónico com Snail, de forma a não lhe interromperem a sesta, a menos que se trate de assuntos importantes e inadiáveis.
a) estão excluídos do âmbito dos assuntos importantes e inadiáveis: 'Como correu o dia com as alunas?', 'Como correu a instalação do sistema com o engenheiro e o informático?', 'Confirmação do número de marcações para o turno de sábado', 'Estás boa?', 'Promoções da Perfumes & Companhia'.
A violação do disposto neste artigo é considerada crime e está previsto no Código Penal.

terça-feira, 12 de março de 2013

Snail, a promotora de eventos

Começa, dia 14, mais uma edição do Restaurant Week. Estava aqui a ver os menus propostos... vê menu aqui... vê menu ali...Comecei por ficar intrigada com expressões como 'morcela vintage' e 'mostarda antiga'. Não sei ao que se referem mas, apesar de ser como os putos e enfiar na boca quase tudo o apanho à mão, tenho um estômago assim a dar para o sensível e começo logo a pensar em datas de validade. Arrepio e náusea postos de parte, continuei a pesquisa. Este ano, e como é hábito, queria ir a dois ou três que ainda não conheça... pesquisa... pesquisa... pesquisa... Oi oi oi oi oi! Pára tudo! Há um restaurante que me deixa comer um Pedro? Inteiro? Só para mim? Por apenas por 20€? E logo à entrada??? Quero.


Vá, que eu sou boa pessoa: http://portugalrestaurantweek.besttables.com/lpg

segunda-feira, 11 de março de 2013

Um talento que se perdeu na política, na advocacia, na investigação criminal e, quiçá, numa igreja qualquer

É uma ousadia, senhores! Um ultraje! É tentar denegrir a imagem de alguém que tanto tem dado à blogosfera actual! É tentar arrastar um dos maiores génios vivos da literatura ligeira do nosso país, nas lamas da mediocridade! Estamos, meus amigos, perante uma das maiores injustiças sobre a blogo-mulher. Hoje, é apenas uma. Amanhã, serão mais. É preciso agir! É preciso vir à rua e apontar o dedo àqueles que abusam da sua condição de machos. Machos sem vergonha! Esses, os machos sem vergonha, trajados de falas mansas, infiltram-se, corroem e enganam. E é através desse engodo de blogo-admiração e liberdade de expressão, que as obrigam a expor, a mostrar, a despirem-se da sua dignidade. Mas, caros leitores, até a mulher mais galdéria, tem direito à sua privacidade! Até a mulher mais bardajona, tem direito a mostrar apenas aquilo que quer! Até a mulher mais lambisgóia, tem direito a lutar pela sua dignidade. E não! Não! Não, meus caros, não venho falar de mamas! Venho falar da verdade! Venho falar dos falsos testemunhos! Venho falar de repor aquilo que está certo! Eu ia tirar fotografias! Eu ia fotografar mamas! Não por ter sido coagida, mas porque eu entendi que queria fazê-lo! Por um bem maior! Pelo vosso bem estar! Mas, infelizmente, o infortúnio cruzou o meu caminho e a minha missão não chegou a bom porto. E as vozes do mal de imediato se fizeram ouvir, com acusações injustas e infundadas, tendo como alvo a mais pura e inocente das criaturas. Com o intuito único de destruir a reputação de uma guerreira. Mas os guerreiros não desistem... Não, meus amigos. Nunca!!! É importante que esta batalha seja a luta de todos nós. Acima de tudo, de todas nós! E, por isso, trago-vos provas! Provas!!! 



E ainda mais vos digo, amigos leitores! À hora do milagre, ainda esta se fazia ouvir no ar!!!



Eu sou a maior prova! Eu sou o milagre! Eu sou A máquina fotográfica que regressou viva da sanita! 

domingo, 10 de março de 2013

Desafio

Eu, apesar de não parecer, levo algumas coisas a sério. Poucas. Mas levo-as a sério. Uma delas são mamas, não de mamas em geral, mas tudo o que envolva as minhas. Outra coisa são desafios. E ontem desafiaram-me. Várias vezes. Para várias coisas. Alguns mais aliciantes que outros. Todos declinados. À excepção de um. Um desafio que envolvia mamas. As MINHAS mamas! Uma foto das minhas mamas, exigem eles! Aí, pára tudo! Isto já é uma questão de honra! Nem dormi a pensar nisso. Almocei a pensar nisso. Limpei a casa a pensar nisso. E, quando limpava a casa de banho, olhei para o varão do chuveiro e fez-se luz. Uma fotonovela das minhas mamas! Genial! No banho, água a correr, pendurada no chuveiro e mamas! Acendi uma velas, armada em génio da fotografia, para dar um ambiente estilo porno-hits-1988. Levei o rádio que tenho na cozinha, liguei-o à corrente, deixei-o em modo equilibrista em cima do bidé e sintonizei uma dessas rádios de êxitos românticos, onde, por sorte, passava Michael Bolton. Perfeito. Roupa fora, máquina fotográfica em punho e lá ia eu. Devo aqui ser honesta, a minha intenção era enganar-vos e tirar uma fotografia ao meu soutien no chão, mas como estava aborrecida e não tinha nada para fazer, montei este cenário todo. Castigo ou não, e voltando onde estávamos, lá ia eu em pelota a caminho do chuveiro, tropeço no fio do rádio, lanço a máquina ao ar para amparar a queda e não mergulhar de cabeça contra a parede da casa de banho e... plock! 

Máquina fotográfica morreu hoje, afogada, dentro de uma sanita.
Por sorte, era velha e já tinha o ecrã rachado. 

Paz à sua alma. 

Respect

A garrafa de Bombay morreu.

Paz à sua alma.

Dizem que há dois fígados que não vão durar muito mais tempo. Mas isso são más línguas a falar.

sábado, 9 de março de 2013

Psicologia

Eu era uma miúda mais dada à biologia e matemáticas, mas lembro-me de ter, algures no secundário (ainda se chama assim?), um ou dois anos de psicologia. E lembro-me, vagamente, de se falar da personalidade e da influência dos primeiros anos de vida na construção daquilo que somos, da influência do meio, de cães e baba. Se não era bem assim, então tenho uma memória de merda. O que é certo, é que há coisas na minha vida que só podem ser explicadas pela infância que tive. Como eu não gostar muito de chocolate, por exemplo. Havia, nos anos 80, a mania de encher a árvore de Natal com pinhas de chocolate, ou melhor, uns chocolates em em forma de pinha, embrulhados em papel de alumínio muito brilhante e colorido. Dizem que na casa dos outros essas pinhas eram comidas e todos os anos se comprava mais. Mas a minha mãe não deixava. Achava as pinhas lindas e achava um crime estragá-las. Guardava-as religiosamente para serem usadas, sempre as mesmas, ano após ano. O resultado: passei os Natais da minha infância a babar-me a olhar para pinhas de chocolate estragado, até que, num desses Natais, revoltei-me, comi uma dessas pinhas às escondidas e tive uma gastroenterite. Também não consigo ter nêsperas perto de mim. A minha avó só tinha laranjeiras. Os putos do bairro social ao lado do quintal dela, vinham roubar laranjas à minha avó, porque eram as melhores daqueles quintais. Mas o meu vizinho tinha uma nespereira. E roubar laranjas parecia fácil, pelo que eu via. Decidi roubar nêsperas. Mas as nêsperas são mais pequenas que laranjas, dava muito trabalho roubar uma quantidade satisfatória, então arranquei um ramo da nespereira, vim a arrastá-lo até ao meu quintal e comi-as todas o mais rápido que pude, com medo de ser apanhada. Ainda hoje, se tenho nêsperas, devoro-as como se viesse o meu vizinho velho e ex-presidiário, de caçadeira em punho atrás de mim. E ainda hoje admiro as pessoas dos bairros sociais. Por isso, não consigo estar muito tempo longe do Cais do Sodré, mesmo que hoje esteja repleto de betos com a mania que são irreverentes. Não consigo é encontrar explicação para beber com a mesma compulsão com que como nêsperas, mas acho que consegui encontrar o porquê de existirem fotos com esta na minha máquina fotográfica, quando chego a casa depois de uma noite de copos. Um bom fim de semana a todos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Alegra-te, irmã! O gin chegou!

Sim, o gin chegou. Antes disso ficou para trás uma semana cheia de trabalho e uma avó no hospital. Avó essa, que podia ter-se queixado de ter passado uma noite sofrida num serviço de urgências, sem poder dormir, com frio e fome, com o tempo de espera e tal, a antipatia e negligência dos profissionais de saúde... mas não. Queixou-se antes de a terem levado para uma sala que dizia reanimação quando ela estava acordada, o que é errado porque podiam haver pessoas a morrer e a precisar de serem realmente reanimadas e ela estava ali a ocupar o lugar deles, queixou-se das outras velhas que gemem como se alguém as estivesse a matar quando andavam todos atarefados para as ajudar e queixou-se do medicamento que lhe deram para baixar a pressão arterial, que a deixou a noite toda a mijar (termo usado pela própria) e não a deixou dormir. Quanto a este último ponto, argumentei que esse medicamente é um diurético e tentei explicar o mecanismo pelo qual os líquidos são excretados do corpo e como isso faz baixar a pressão. Fui interrompida: 'pode ser o que tu quiseres, mas tanta mijadela não deixa ninguém dormir'. Não pude argumentar mais, até porque já levo 50 horas de trabalho esta semana e depois porque quando ela diz que é assim, é assim e fim de conversa. Contava isto à preta e, entretanto, chegou o gin. Entre risadas, a preta contava que a minha caixa de levar comprimidos que encontrou no armário era perfeita para levar açúcar para o trabalho.  E é assim, do nada, da descompressão, do gin, que nasce o diálogo da noite:

- Eu não tenho nenhuma caixa de levar comprimidos.
- Uma da vaca que ri. Só pode ser tua.
- Se é da vaca que ri, é do queijo.
- Se é da vaca, é tua! Ahahahah.
- Se é da que ri, então é tua.

E pronto. Hoje é só isto. Uma boa noite a todos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Snail, a destruir a sua reputação... bla bla bla bla

Nisto, não devo ser a única: sou uma pessoa responsável no trabalho. O computador do trabalho serve para trabalhar. Apenas para trabalhar. E para fazer pesquisas de assuntos importantíssimos relacionados com o trabalho. E para ver o mail do trabalho. E responder a mails de trabalho. E enviar mails relativos a assuntos de trabalho. E para ver as notícias do dia, porque fica sempre bem saber falar sobre política, economia e essas coisas importantes em almoços de trabalho. Como tal, o computador do trabalho tem sempre uma outra janela aberta com o mail profissional, o diário económico, o diário de notícias e, às vezes, até o diário da república. Todas estas janelas abertas têm dois propósitos, que são manter um ar profissional e intelectual, mas também servir de camuflagem para coisas realmente importantes na vida de uma mulher, isto é, ocultar as janelas que realmente fazem falta: compras online. Adrenalina no feminino! E é aqui que se vê a essência, a alma, o perfil de uma mulher. Quando esta é apanhada desprevenida a pecar em horário laboral. Há a que passa a vida a ver sapatos. Há a que passa a vida a ver vestidos. Há a dos relógios. Há a dos perfumes. Até há a dos telemóveis. Eu era a que não prevaricava. Ou melhor, eu era a que nunca tinha sido apanhada. Até hoje... Chefe entra de repente. Vem acompanhada com dois desconhecidos. Entram gabinete dentro de rompante, sem aviso, com assunto inadiável e de máxima importância. Eu assusto-me, distraio-me, olho para o lado, dedos não mexem, janela do computador fica aberta, assunto é discutido, pessoas dirigem-se para a porta, um deles lança olhar de reprovação para o monitor do computador, suor, amnésia do que estava a fazer antes da entrada relâmpago desta gente, eles saem, eu volto a olhar para o computador...

Continente online - Secção de bebibas - Bebidas espirituosas - GIN - SETINHA DO RATO EM CIMA DO GIN MAIS BARATO!!!

Se ainda tinha um pouco de respeito por parte desta gente... já não tenho mais.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Contributo

Queria, do fundo do coração, deixar aqui algo produtivo para a comunidade. Algo que contribuísse para o desenvolvimento de todos vós enquanto pessoas. Algo profundo e cheio de sabedoria. Poesia. Algo que a minha mãe se orgulhasse caso soubesse da existência disto. Como faço sempre que aqui venho, aliás. Como sabem, a minha vida profissional passa por ter pessoas despidas da cintura para cima, deitadas, em silêncio. Todos os dias. Mas hoje... hoje... o pânico apoderou-se de mim. Estariam as lâminas de barbear esgotadas em Lisboa? Teria o sabonete sido abolido dos hábitos matinais dos portugueses? Napoleão voltou à vida, isto foi ocupado pelos franceses e agora somos obrigados a deixar crescer farfalhices mal-cheirosas nos sovacos e só eu é que não sabia disso? É nisto que dá passar um fim de semana bêbeda e não ver as notícias? Vou ser presa por ter tomado banho e ter a depilação em dia? O último gajo que entrou no gabinete e passou o tempo todo a deitar bufas fedorentas na minha cara é agente da autoriadade e isto é uma nova forma de tortura? Ou uma nova religião? Devia ter-me peidado também? Estou confusa, senhores. Confusa. E nauseada, ainda.

domingo, 3 de março de 2013

Porque isto podia ser um fashion-blog #2

Vou fazer uma crítica de moda. Mas não sem antes contar uma história.

Estávamos no longínquo ano de 2006 e duas irmãs na casa dos 20 anos viviam com os pais, numa terrinha da margem sul. Partilhavam o quarto, pequeno em área. A mais velha dormia na cama de cima do beliche e a mais nova na cama de baixo. Esse quarto tinha ainda uma pequena estante, um armário de gavetas e um guarda-vestidos. Estamos no presente ano de 2013, a irmã mais velha vive em Lisboa, partilhando casa com a preta e a mais nova vive ainda na terrinha com o namorado e o filho de ano e meio. A mãe, essa, na falta de uma divisão para arrumação de trambolhos, decide que a cama de cima do beliche é um local óptimo para arrumar cobertores, colchas, chapéus de sol, bolas e toalhas de praia e caixas com colheres de pau. A mãe decide ainda que o pouco chão livre do quarto é óptimo para arrumar cestos com roupa por engomar, ventoinhas, mais bolas de praia e um aspirador. A irmã mais velha, quando lá vai de visita, brinca aos 100 metros estafetas para poder chegar à cama de baixo para dormir. A irmã mais velha esteve lá este sábado. Tinha o jantar de aniversário de uma amiga. Amiga essa, que também é amiga da irmã mais nova. Irmã essa, que, querendo beber como se de um homem solteiro se tratasse, decide deixar o filho com a avó. Avó e neto decidem dormir na cama de baixo do beliche, local onde a irmã mais velha costuma dormir. Irmã mais velha essa, que chega a casa bêbeda de madrugada e é escorraçada para o sofá. Sofá esse, que é cobiçado pelo pai, que gosta de ver documentários sobre gorilas e bananas aos domingos de manhã e espera que avó e neto acordem para depois escorraçar a pobre rapariga de volta para a sua cama.

Agora que já choram todos compulsivamente com pena da pobre moça, imaginem que ela tem um segundo aniversário, a ser celebrado exactamente nesse domingo, ao almoço, de ressaca e completamente destroçada pela forma como é tratada em casa dos próprios pais. Ainda assim, arranja o cabelo, veste-se em conformidade com o evento e acaba a almoçar com uma pessoa ao seu lado, com um cabelo mais ou menos desta cor, vestida mais ou menos como isto e calçada exactamente com isto e exactamente desta cor:


Pessoa essa, que olha para a pobre moça, vestida exactamente com este vestido, com o cabelo exactamente desta cor e forma e calçada com algo semelhante a isto...


... e diz, com ar de cumplicidade, como se se tratasse da sua irmã gémea, dela separada desde o nascimento e abandonada no bordel mais brega do distrito: "Não há nada como um vestido justo, não é?". 

Eu passei a noite no sofá e andei a ser chutada para os cantos na casa onde cresci. O meu antigo quarto é agora uma arrecadação. E depois ainda tenho uma wannabe slut a traçar paralelos com as nossas formas de vestir? Não está certo. Estou triste. Preciso de mimos.